Ex-dono do Leonardo da Vinci questiona desapropriação do hospital

O médico Boghos Boyadjian questiona caráter "unilateral" da medida; governo defende aquisição da unidade, referência para Covid-19 no Estado

O médico e empresário Boghos Boyadjian, sócio da empresa que até novembro era proprietária do Hospital Leonardo da Vinci, hoje integrado à rede pública de saúde do Estado, questiona o processo de desapropriação da unidade pelo Governo do Ceará.

O hospital, fundado em 2018 por iniciativa de uma empresa privada, foi alugado pela gestão Camilo Santana (PT) em março do ano passado, logo no início da pandemia de Covid-19 no Estado. Transformado em unidade de referência para tratamento do novo coronavírus, o hospital foi adquirido de forma definitiva em 26 de novembro, dias antes das eleições.

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“O que nos surpreendeu foi a desapropriação do Hospital a nossa revelia, durante a vigência da locação. Até porque seria muito mais econômico para o Estado prorrogar o aluguel”, disse Boghos em uma publicação nas redes sociais. Na nota, ele destaca caráter “unilateral” de desapropriações e relaciona a prática à “Alemanha do período nazista”.

Apesar de o médico afirmar que não desejava politizar a questão, o caso foi levado às redes sociais por diversos adversários do governo, incluindo Capitão Wagner (Pros). Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) destacou que o hospital foi ampliado e adquirido de maneira regular, prevista em lei, com pagamento de R$ 41 milhões aos antigos donos, e que já atendeu mais de três mil pacientes.

Hospital era “elefante branco”, diz secretário

Nesta terça-feira, o secretário da Saúde do Estado, Cabeto Martins, afirmou que o hospital era um “elefante branco” e que não iria conseguir se manter em funcionamento. “Há oito anos o proprietário não vinha conseguindo colocar em funcionamento”, disse Cabeto em entrevista ao jornalista Jocélio Leal na Rádio O POVO/CBN.

“Ele entrava com liminares, tentava vender para outras instituições nacionais e não conseguia”, diz, destacando que o governo tentou adquirir o hospital antes mesmo da pandemia, mas que optou por alugar o prédio com a chegada da Covid-19. “Depois, colocamos ao proprietário que era muito importante que o Estado adquirisse o hospital, já que aquilo era um elefante branco, que não ia funcionar, que estava deteriorando o prédio”.

Na noite da segunda-feira, o governador Camilo Santana também se manifestou sobre o caso nas redes sociais. “Desapropriar equipamentos pelo Governo, quando há a justa necessidade de beneficiar a coletividade, é prática amparada na Constituição, ocorrendo todos os dias em todo o país. Quem critica essa medida tomada pelo Governo do Ceará ou não conhece as dores da população, ou age de má fé para confundir as pessoas”, diz.

O secretário da Casa Civil do Ceará, Chagas Vieira, também destaca que o Leonardo da Vinci não foi o único hospital desapropriado para auxiliar no combate à Covid-19 no Estado, destacando processos semelhantes também em unidades de Crateús e Itapipoca. “É um hospital com 300 leitos, 170 deles de UTI, e que já atendeu mais de três mil pacientes”, diz.

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