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Eleições 2020: Fortaleza registra 21,84% de abstenção, maior taxa desde 1992

Foram registradas 397.774 ausências na eleição da Capital, de acordo com o TSE. Apesar da alta, índice ficou abaixo da média nacional

As Eleições Municipais de 2020 foram realizadas em contexto atípico. Em meio à pandemia de coronavírus, que vem gerando impactos sociais e econômicos no Brasil desde março deste ano, o processo eleitoral não ficou imune. Um dos principais indicadores que atestam as consequências da crise sanitária nesta edição das eleições é a taxa de abstenção, ou seja, o percentual de eleitores que não compareceram no dia da votação. No Brasil, o índice atingiu 23,14% neste primeiro turno, maior percentual dos últimos 20 anos. Em Fortaleza, apesar de média inferior à nacional, a taxa de abstenção de 21,84% (397.774 ausências) é a maior desde, pelo menos, 1992.

Apesar da Covid-19 ter influenciado significativamente no índice de ausentes nestas eleições, o número já vinha seguindo tendência nacional de crescimento desde as últimas disputas. As médias nacionais de abstenção em primeiro turno nas duas edições que antecederam as eleições municipais de 2020, por exemplo, foram de 16,41% (em 2012) e 17,58% (em 2016). A Capital vive contexto semelhante. Antes de 2020, registrou 16,02% de abstenção (em 2012) e 17,04% (em 2016).

Índices de abstenção em Fortaleza



Desde o início da divulgação do número de eleitores ausentes pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), em 1992, a Capital não contava com números absolutostaxas percentuais tão elevados quanto em 2020. Até então, o maior número de eleitores a não comparecerem às urnas nas eleições municipais em Fortaleza havia sido na disputa de 2º turno em 2016, entre o prefeito reeleito Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (PR, à época), que registrou abstenção de 314.915 eleitores.

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No entanto, além dos valores absolutos, vale atentar para as taxas percentuais, que indicam a proporção do número de ausentes por ano, visto que o eleitorado da Cidade cresceu expressivamente no decorrer do tempo. A maior taxa percentual registrada antes de 2020 foi no segundo turno de 2000, quando 19,46% dos eleitores em Fortaleza não compareceram. Na época, Juraci Magalhães (PMDB) se reelegeu ao derrotar Inácio Arruda (PCdoB) na disputa ao pleito.

O menor número absoluto de abstenções (144.677) foi nas eleições municipais de 1992, que garantiram Antonio Cambraia (PMDB) na Prefeitura, ainda no 1º turno. Em relação à taxa percentual, a disputa que elegeu pela primeira vez Luizianne Lins (PT), em detrimento de Moroni Torgan (PFL, à época), em 2004, registrou somente 13,43% de abstenções.

 
 

1992*
1º turno: 144.677 eleitores ausentes (15,57% taxa de abstenção)

1996*
1º turno: 193.969 (18,05%)

2000
1º turno: 223.333 (18,34%)
2º turno: 236.915 (19,46%)

2004
1º turno: 182.848 (13,43%)
2º turno: 205.706 (17,79%)

2008*
1º turno: 209.064 (14,06%)

2012
1º turno: 258.202 (16,02%)
2º turno: 268.138 (16,63%)

2016
1º turno: 288.362 (17,04%)
2º turno: 314.915 (18,60%)

2020**
1º turno: 397.774 (21,84%)

* Não houve 2º turno.
** 2º turno em 26 de novembro

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).

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Comparação com outras capitais

 

De acordo com o doutor em Ciência Política pelo IESP-UERJ e professor da UFC, Clayton Cunha Filho, apesar dos índices mais altos, Fortaleza não apresentou balanço tão ruim quanto outras cidades. "Não é surpreendente que tenha havido esse aumento na taxa de abstenção, visto que estamos em meio a uma pandemia em que todos os indicadores apontam que as taxas de infecção estão voltando a crescer em Fortaleza e no Brasil. Não foi um fenômeno só em Fortaleza, na verdade, foi uma das poucas capitais que teve a média um pouco abaixo da nacional. Comparado com o restante do Brasil, nosso comparecimento até que foi alto", afirma.

Em 2020, todas as capitais do Brasil tiveram aumento do índice de abstenções nas eleições municipais, de acordo com levantamento realizado pelo G1 com dados das capitais brasileiras (exceto Macapá) fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Comparada com a média de outras grandes cidades, Fortaleza não registrou crescimento tão elevado do número de ausentes. A cidade cearense, 6º maior Colégio Eleitoral do Brasil, é somente a 18ª capital em taxa percentual de abstenções. Porto Alegre lidera o ranking com 33,1%, seguida por Rio de Janeiro (32,8%) e Goiânia (30,7%). O menor percentual fica por conta de Manaus (18%).

Eleições em Fortaleza

 

O resultado do primeiro turno das eleições em Fortaleza determinou disputa entre Sarto (PDT) e Capitão Wagner (Pros) para novo prefeito da Cidade em segundo turno, marcado para 29 de novembro. Sarto obteve 457.622 votos (35,72% dos votos válidos), contra 426.803 votos (33,32%) recebidos por Wagner. Foram registradas 397.774 abstenções (21,84% do total do eleitorado), 50.234 (3,53%) votos em branco e 92.295 votos nulos (6,48%).

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Balanço nacional

 

Conforme o TSE, mais de 147,9 milhões de eleitores estavam aptos a participar das Eleições Municipais de 2020. A votação aconteceu em 5.567 municípios. O pleito não ocorreu no Distrito Federal, em Fernando de Noronha e em Macapá (AP), cidade na qual a votação foi adiada devido às restrições no fornecimento de energia no estado. No total, foram 3,9 milhões de votos em branco e 7 milhões de nulos.

Em face da pandemia de coronavírus, que ainda assola o País, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, agradeceu aos brasileiros que compareceram às urnas. “Pessoas que, mesmo diante de uma pandemia que já levou mais de 165 mil pessoas, votaram, dando continuidade legitimada à democracia brasileira”, afirmou em coletiva de imprensa no domingo, 15.

“Queria cumprimentar, de coração, o eleitorado brasileiro que compareceu em massa, apesar das circunstâncias. Efetivamente, conseguimos fazer com que tudo acabasse bem, com resultados no mesmo dia, fidedignos e todos auditáveis e conferíveis”, ressaltou Luís Roberto Barroso.

Logo após, o ministro divulgou os números do primeiro turno. Mais de 556 mil candidatos disputaram o voto do eleitor. Foram enviadas tropas da Força Federal para 613 localidades. Sobre as urnas, Barroso afirmou que 3.509 equipamentos apresentaram defeito, o que representa 0,78% do total, e “todas foram substituídas a tempo e a hora”.

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