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PF descreve com detalhes apreensão "embaraçosa" de R$ 33 mil em cueca de senador

A decisão do ministro Barroso anexa o detalhamento da Polícia Federal do momento da apreensão, descrito pelos agentes como "embaraçosa"
09:36 | Out. 16, 2020
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinou o afastamento do senador e vice-líder do governo Chico Rodrigues, após a Polícia Federal (PF) apreender R$ 33 mil na cueca do político. Na decisão, publicada nessa quinta-feira, 15, Barroso anexa o relatório da PF com detalhes do momento em que os agentes descobriram o dinheiro escondido.

A ação ocorreu durante a Operação Desvid-19, que investiga desvios de aproximadamente R$ 20 milhões em recursos públicos originados de emendas parlamentares. O valor seria destinado para a Secretaria de Saúde de Roraima combater a pandemia de Covid-19. Na quarta-feira, 14, a PF deflagrou, juntamente com a Controladoria-Geral da União (CGU), uma ação de busca e apreensão na casa de Rodrigues, em Boa Vista.

Os agentes revistariam tanto os pertences do senador Chico Rodrigues, quanto de seu filho, Pedro Rodrigues. De acordo com a descrição da PF, o senador atendeu aos policiais com uma roupa diferente da que ele vestia quando o dinheiro foi encontrado na cueca. Isso porque as investigações começaram no quarto de Chico Rodrigues, onde abriu um cofre no armário que guardava R$ 10 mil e U$ 6 mil, logo apreendidos.

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Depois disso, os agentes foram ao quarto de Pedro Rodrigues verificar o cofre do filho do senador. A PF não encontrou nada relacionado aos fatos da investigação. Na interpretação da PF, foi entre o momento que a equipe saiu do quarto do senador para revistar o quarto de Pedro que Chico Rodrigues escondeu o valor na cueca.

“Ele teria pedido para trocar de roupa em seu quarto para se desvencilhar dos valores que acabara de esconder em suas vestes”, descreve o órgão. “Noutras palavras, mesmo após ter tido ciência da ordem judicial de busca e apreensão expedida pelo STF, o senador conseguiu ocultar momentaneamente valores que seriam provenientes ou equivalentes às infrações penais investigadas, como também causou embaraços à investigação criminal.”

Senador ficou bravo ao ser cobrado a entregar todo o dinheiro

 

Após investigação no quarto de Pedro, o senador perguntou ao delegado Wedson se ele poderia ir ao banheiro. O delegado concordou, mas informou que o acompanharia. Neste momento, descreve a PF, o delegado Wedson percebeu um “grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do senador”. Chico Rodrigues usava um short azul, do tipo pijama, e camisa amarela.

Suspeitando de que o vice-líder do governo estivesse escondendo valores ou até um celular, o delegado Wedson perguntou a Chico o que havia no short dele. O senador ficou “assustado” e disse que não havia nada. O delegado decidiu então fazer uma busca pessoal e pediu para que os policiais federais filmassem a diligência, no objetivo de demonstrar com exatidão a forma que senador estava escondendo os itens.

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Na primeira busca, foram encontrados “no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas” maços de dinheiro totalizando R$ 15 mil. Depois, o senador foi indagado se ele guardava mais alguma quantia em espécie por três vezes. “Com bastante raiva, o senador Chico Rodrigues enfiou a mão em sua cueca e sacou outros maços de dinheiro, que totalizaram a quantia de R$ 17, 9 mil.”

Como Chico “insistentemente” estava ocultando os valores nas “vestes íntimas”, a equipe fez outra busca pessoal. Dela, encontraram mais R$ 250 na cueca do vice-líder do governo.

PF define operação como “embaraçosa”

 

Apesar de todas as buscas terem sido filmadas, o ministro Barroso decidiu não anexá-las à decisão para evitar mais constrangimentos ao senador Chico Rodrigues. A PF ainda reforça que as buscas foram acompanhadas pelo advogado de Chico, Kleber Paulino de Souza, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, seção Roraima (OAB/RR) sob o número 624.

Conforme relatório da PF, a conduta do político “criou embaraços à investigação”: “Já que, sob o controle policial no momento de arrecadação das provas dos crimes pelos quais ele é investigado, ele atua de maneira subterrânea a ocultar em seu corpo, em regiões íntimas, o produto do crime.”

No documento, o órgão policial ressalta que “não haveria dúvida acerca da imediata prisão em flagrante” de Chico caso ele não fosse senador da República. A PF recomendou pelo menos a prisão preventiva do vice-líder do governo, opção descartada pelo ministro Barroso. “Diante da não configuração de situação de flagrância e da fundada dúvida sobre a possibilidade de decretação de prisão preventiva, impõe-se o afastamento do senador da função parlamentar”, decidiu.

Leia a decisão do ministro Barroso na íntegra. 

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