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Secretário da Cultura parafraseia ministro nazista em pronunciamento

A trilha sonora também se assemelha à propaganda nazista: a ópera "Lohengrin", de Wagner, obra que Hitler afirmou ter sido decisiva em sua vida
09:46 | Jan. 17, 2020
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

O secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, parafraseou famoso discurso do ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, em pronunciamento nesta quinta-feira, 16. O vídeo, que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, foi divulgado pela subpasta nas redes sociais.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”, disse Alvim, solene e entusiasmadamente.

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O discurso de Goebbels feito em 8 de maio de de 1933, em Berlim, para diretores de teatro dizia: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos [potência emocional] e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, conforme o livro “Goebbels: Uma biografia” (Ed. Objetiva), de 2014, do historiador alemão Peter Longerich.

O pronunciamento de Alvim foi gravado em sala que tem o retrato do presidente Jair Bolsonaro ao fundo, a bandeira brasileira de um lado e uma cruz do outro. A trilha sonora também se assemelha à propaganda nazista: a ópera "Lohengrin", de Wagner, obra que Hitler afirmou ter sido decisiva em sua vida.

“O presidente me fez um pedido. Ele pediu que eu faça uma cultura que não destrua, mas que salve a nossa juventude. A cultura é a base da pátria. Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. E é por isso que queremos uma cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza de nossos mitos fundantes”, completou Alvim.

Prêmio Nacional das Artes

Durante o vídeo, o secretário anuncia o Prêmio Nacional das Artes. A iniciativa irá destinar mais de R$ 20 milhões para fomentar a produção artística nas cinco regiões brasileiras. Há sete categorias. O edital, a ser publicado na próxima semana no Diário Oficial da União e no site da Secretaria Especial da Cultura, selecionará cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.

Segundo ele, o Prêmio Nacional das Artes vai gerar milhares de empregos, capacitação profissional e formação de público. "Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras. De relevância imensurável. E sua implementação e perpetuação ao longo dos próximos anos irá redefinir a qualidade da produção cultural em nosso país", completou.

Outras polêmicas de Alvim

Dramaturgo, Alvim ganhou a simpatia de Bolsonaro ao defender o presidente nas redes sociais e ao atacar a atriz Fernanda Montenegro, dizendo sentir "desprezo" por ela.

Na Secretaria Especial da Cultura, coleciona polêmicas, como a nomeação do jornalista e militante de direita Sérgio Nascimento de Camargo para a presidente da Fundação Palmares. A nomeação foi suspensa após uma grande mobilização contra afirmações de Camargo consideradas racistas.

Esta semana, Alvim ironizou a indicação de "Democracia em Vertigem" na categoria de melhor documentário longa-metragem do Oscar dizendo que a produção deveria estar na categoria ficção. Dirigido pela cineasta mineira Petra Costa, o filme acompanha o impeachment de Dilma Rousseff a partir de uma visão particular da diretora.

Quem foi Goebbels

Joseph Goebbels tornou-se ministro da Propaganda de Adolf Hitler em 1933. Esse era um dos cargos mais importantes do governo alemão, uma vez que ele era imbuído da tarefa de convencer a população sobre os ideais nazistas.

Cabia a Goebbels também o controle de toda a produção jornalística da Alemanha, o que acarretou em censura e perseguição a jornalistas judeus e outros grupos de oposição. Sob ordens de Hitler, Goebbels convocou a população a boicotar negócios judeus e incentivou e organizou a queima de livros considerados “não alemães”.

Após a morte de Hitler, Goebbels exerceu a função de chanceler por um dia. Ele e a esposa tiraram a própria vida em 1º de maio de 1945, após envenenarem os seis filhos.

Com informações da Agência Brasil

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