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O mistério do 82º voto ainda ronda o Senado

10:23 | Fev. 09, 2019
Autor Agência Estado
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Tipo Notícia
Mais de uma semana depois da tumultuada eleição no Senado que alçou Davi Alcolumbre (DEM-AP) para o comando da Casa, a pergunta segue válida: quem é o autor do 82.º voto depositado na urna?
O voto a mais - são 81 os senadores - suscitou suspeitas de fraude e motivou a anulação da primeira tentativa de votação naquele sábado, dia 2, que ainda reservaria outras surpresas.
A cédula com o voto "extra" estava dobrada junto de outra, ambas fora do envelope entregue a todos os senadores para que depositassem seus votos na urna de madeira, localizada ao lado da Mesa do Senado.
O primeiro a notar que algo estava errado foi o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). "Senhor presidente, foram constatadas duas cédulas sem o envelope", disse ele em direção ao senador José Maranhão (MDB-PB), que presidia a sessão. "Vamos deixar em separado e depois aqui os escrutinadores vão tomar uma decisão sobre esses votos", determinou o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que organizava a votação.
Mais uma conferência e... 82 votos cravados. "Evidentemente foi um ato de votação fraudulento", bradou Esperidião Amin (PP-SC). Bezerra pedia calma.
No meio do tumulto, Maranhão, que segurava os dois votos da discórdia na mão, rasgou as cédulas. "Foi uma coisa instintiva. Todo mundo falou ‘Rasga! Rasga!’. Eu rasguei", contou ele, no dia seguinte, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundos antes, porém, uma câmera da TV Globo focalizou as cédulas em suas mãos e mostrou que, nas duas, o nome do senador Renan Calheiros (MDB-AL) estava assinalado. Maranhão foi um dos apoiadores da tentativa do alagoano de voltar à presidência do Senado pela quinta vez.
Depois de uma longa discussão, a sentença foi triturar todas as cédulas para começar tudo de novo. Um dos fiscais do processo era o senador Acir Gurgacz (PDT-RR), que dorme na cadeia após ser condenado por crimes financeiros. Embora o autor do voto 82 ainda seja um mistério, já há um "detetive" no caso: o corregedor da Casa, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), prometeu assistir a todas as gravações disponíveis na TV Senado para encontrar o culpado.

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