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"Decisão tem efeitos catastróficos", diz Dallagnol sobre soltura de presos em 2ª instância

Coordenador da Lava Jato, Dallagnol declara ainda que sentença do ministro do STF Marco Aurélio Mello "não vai resistir à análise do próprio Supremo". De acordo com procuradores da operação, 240 mil presos seriam beneficiados com a decisão
16:56 | Dez. 19, 2018
Autor Wanderson Trindade
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Wanderson Trindade Repórter
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Tipo Notícia
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A força-tarefa da Operação Lava Jato considera que decisão que permite soltura de pessoas presas em segunda instância “tem impacto múltiplo” sobre a estabilidade das instituições no Brasil. Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 19, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) mostraram indignação com liminar que abriria brecha para a soltura de 35 réus da Operação – inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
  
Mais cedo, pela manhã, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello determinou a soltura de todos os réus presos condenados em segunda instância, ou seja, que ainda tenham recursos jurídicos pendentes. Coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol afirmou que a decisão do ministro aconteceu de forma “monocrática” e que terá efeitos “catastróficos”.
  
"A decisão tem impacto múltiplo. Atinge inúmeras pessoas, e o caso Lula é importante, mas é uma ilustração de uma decisão que tem efeitos catastróficos sobre a eficiência da Justiça penal em todo o País", afirmou o procurador, que ficou conhecido pela forte atuação durante investigações do ex-presidente Lula e pela proposta das dez medidas contra a corrupção.
  
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Dallagnol afirmou também que confia em reviravolta da decisão de Marco Aurélio pelo STF, que entra em recesso forense a partir desta quinta-feira, voltando às atividades somente no dia 1º de fevereiro de 2019. “Não vai resistir à análise do próprio Supremo”.
  
O coordenador da Força-tarefa enfatizou que a decisão de Mello seria um ataque à Lava Jato. “Estamos um pouco cansados de decisão que são reviravoltas. Queremos um sistema com estabilidade e é isso que a sociedade deseja”, disse, ao relembrar que STF chegou a discutir sobre a prisão em segunda instância quatro vezes dentro de dois anos.
  
De acordo com os procuradores, atualmente há cerca de 35 réus da Lava Jato presos após decisão em segunda instância. Ainda segundo eles, cerca de 240 mil presos seriam beneficiados com decisão desta quinta.

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