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Competidores do Sana anunciam boicote ao evento após apoio de diretor a Bolsonaro

Dançarinos de cerca 60 grupos cover de K-Pop (Pop coreano) da Capital e outros estados, além de cosplayers, aderiram ao movimento que já conta com mais de 1.300 apoiadores no Facebook
23:41 | Out. 30, 2018
Autor Lia Bruno
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Tipo Notícia
Atualizada às 11h26min 
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Competidores do Sana, considerado um dos maiores festivais de cultura oriental no Norte e Nordeste, anunciaram boicote ao evento após um dos diretores utilizar sua rede social para comemorar vitória do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A organização do evento afirma que o posicionamento do diretor foi individual, dentro do livre direito de manifestação. Ressalta ainda que o evento é e sempre foi apartidário e não foi usado a favor de qualquer candidatura. Assim como não houve nenhuma publicação política em qualquer dos canais oficiais do Sana.
 
Apesar do caráter individual, a manifestação provocou reações. Dançarinos de cerca 60 grupos cover de K-Pop (Pop coreano) da Capital e outros estados, além de cosplayers, aderiram ao movimento que já conta com mais de 1,3 mil apoiadores no Facebook. 
 
[SAIBAMAIS] "Quando ele [Bolsonaro] ganhou, todos ficamos tristes e preocupados com a nossa segurança e dos nossos colegas de grupo, já que somos, em maioria, formados por mulheres e LGBTQ%2b. Ele [diretor] se manifestou de forma radical em seu perfil pessoal, se mostrando a favor do candidato e usando frases como 'chora mais' e 'mito chegou'. Tudo isso pra gente foi muito impactante porque nós iríamos participar de um evento do qual a gente gosta e se esforça para dar publicidade. Com isso, nos revoltamos por um dos diretores se posicionar totalmente contra os nossos direitos e bem-estar", disse uma das representantes dos grupos cover de K-Pop (O POVO Online não a identifica para evitar retaliação).
 
Segundo a dançarina, logo após as publicações do diretor e a manifestação dos grupos, Ricardo Busgaib, outro representante do Sana, chegou a enviar mensagens a eles, afirmando que o evento era totalmente apartidário e que não compactuava com qualquer coisa relacionada à homofobia, misoginia, machismo, entre outros.
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Já com grupo de pessoas que realiza cosplay a situação é bem parecida. Com mais de 38 pessoas aderindo ao movimento dentro da categoria, a decisão de iniciar o boicote ao evento partiu depois da iniciativa dos grupos cover.
 
"Uma das minhas colegas chegou me falando que pessoas do K-Pop estavam promovendo o boicote e ela, vendo que eu tinha ficado revoltada com as publicações dele [diretor], me convidou. É totalmente contraditório ele apoiar a ideologia de uma pessoa que afeta grande parte do público que frequenta o evento do qual ele é idealizador", explicou uma das representantes do grupo, que preferiu não se identificar.
 
Procurada pelo O POVO Online, assessoria do Sana afirmou que a Fundação Cultural Nipônica Brasileira, idealizadora do evento, é apartidária e que, justamente por isso, nas eleições 2018 não declarou apoio a nenhum candidato. Além disso, eles também ressaltam que não houve cancelamento de participação dos grupos por qualquer motivo.
 
Confira a nota na íntegra:
 
O evento Sana, realizado há 18 anos pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira - instituição sem fins lucrativos que promove incentivos ao entretenimento e cultura pop, tem orgulho de agregar todas as tribos daqueles que gostam de cultura pop.
 
Ao longo desses anos, o festival distribuiu não apenas cultura, mas também solidariedade por meio de ações como: ingressos sociais, arrecadação de doações para instituições que cuidam de pessoas vulneráveis como Iprede e Peter Pan. Além de trabalhos com crianças no Hospital Albert Sabin e parceria com várias escolas públicas, de maneira a proporcionar para esses jovens a oportunidade de participar de um evento desse porte.
 
O Sana é um evento com ambiente saudável, pensado para toda família. Inclusive, não são comercializadas sequer bebidas alcoólicas, uma vez que a programação contempla pessoas de todas as idades, inclusive menores de 18 anos. 
 
Para garantir a segurança, todas as edições contam com brigadistas, bombeiros, UTI móvel, Juizado de Menores e uma robusta equipe de segurança. Com todo esse aparato, em quase duas décadas de realização, o Sana nunca foi alvo de qualquer queixa ou boletim de ocorrência registrado oficialmente, nem na central de segurança do evento e nem nos órgãos públicos. Portanto, quaisquer notícias que saiam a esse respeito são levianas, por não ser devidamente fundamentada. 
 
É importante asseverar que o Sana é um evento que respeita todas as cores, raças, credos e orientação sexual. Por ser apartidário, na campanha de 2018 o Sana não declarou preferência por nenhum candidato. Porém, é uma instituição formada por cidadãos e os mesmos possuem o direito de escolher o espectro político e o candidato que assim desejarem. 
 
Recentemente, um dos diretores declarou em sua página pessoal preferência por um dos candidatos à presidência e foi vítima de ataques e ameaças. Porém, a diretoria do Sana acredita na liberdade da forma mais abrangente possível, inclusive na liberdade de expressão de quem quer que seja, caso contrário, não seria um evento que acolhesse tão bem a diversidade. 
 
Apesar da ameaça de boicote de alguns que não visualizam a liberdade no seu sentido mais amplo, as inscrições não foram abertas ainda, logo, não houve cancelamentos. Temos convicção de que o evento repetirá o sucesso das edições anteriores, uma vez que as atrações estão imperdíveis, com renomados dubladores, YouTubers, Desenhistas, além da presença confirmada do ator Stanislav Ianevski - que atuou como Viktor Krum no filme Harry Potter e o Cálice de Fogo. 
 
O Sana respeita a diversidade, a pluralidade de ideias e não comunga com extremismos que cerceiam a liberdade de nenhuma maneira.

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