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"Há um centro de intriga tentando produzir fosso entre nós e o PT", diz Ciro

O ex-ministro disse que Alckmin não conhece o Brasil, porque "nunca saiu de São Paulo para nada" e afirmou não acreditar que algum candidato se apresente como base de Temer
17:21 | Mar. 06, 2018
Autor Carlos Holanda
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Carlos Holanda Repórter
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Tipo Notícia

[FOTO1]O pré-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, disse que há ação orquestrada para jogar ele contra o PT. "Há um centro estratégico de intriga tentando produzir fosso entre nós e o PT. Isso é antigo. Aconteceu com o (Leonel) Brizola lá atrás. Porque eles têm horror à unidade do campo progressista", afirmou ao O POVO Online, após palestra na Universidade de Fortaleza (Unifor), na noite desta segunda-feira, 5.

 

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No último dia 23 de fevereiro, Ciro afirmou que não acreditava na possibilidade de o PT apoiar algum candidato de outro partido. "É mais fácil um boi voar do que o PT apoiar alguém". A declaração provocou reações entre os petistas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a se queixar. "Ciro anda falando demais".

Nesta segunda, ao O POVO Online, Ciro lamentou que entre os petistas haja quem dê força à estratégia desse “centro estratégico de intriga” do qual ele fala. "Infelizmente, uma parte da burocracia do PT faz esse jogo".

"Constatação fraterna"

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Na entrevista, Ciro chegou a indagar ao repórter uma crítica sequer que ele tenha feita ao PT. Então, o entrevistador mencionou quando Ciro responsabilizou Lula por ter colocado Temer na linha de sucessão. "O Lula é o grande responsável por ter feito esse tipo de aliança que botou Michel Temer na vice-presidência e na linha de sucessão", disse Ciro em novembro. Ao responder ao questionamento do O POVO Online, nesta segunda, ele defendeu a declaração.

"Isso é critica ao PT? Para a gente ser aliado tem de ser bajulador, omitir a verdade, ficar de costas voltado para o povo brasileiro?", indagou. Ele cobrou ainda avaliação do partido sobre a situação que enfrenta.

"O PT, aqui pra nós, vamos ver o que aconteceu. Isso não é crítica nenhuma, é só uma constatação fraterna. O PT nas últimas eleições foi varrido dos centros urbanos, onde está concentrado 70% do eleitorado brasileiro". E completou: "Faz de conta que não aconteceu isso? Aconteceu, pouco importa se sou eu que digo ou não digo. Melhor que seja dito por um irmão, um amigo, que pelos adversários para esfregar na cara deles, como estão fazendo".

O ex-governador cearense acrescentou, em defesa da própria postura: "Se eles (petista) não quiserem ter humildade para entender isso e considerarem que uma mera constatação de um velho aliado... Cacete, faz 16 anos que nós trabalhamos juntos. Não vale nada tudo que eu fiz? E apenas que estou dizendo que o PT precisa entender o que aconteceu nas ruas do Brasil para que ele se restaure, se renove. O Brasil não pode perder um partido tão importante quanto o PT".

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"Tenho de mostrar que estou maduro"

Ciro afirmou que espera uma campanha eleitoral difícil. "Sei que me espera aí um caminho muito sofrido, muita bomba, muita tortura, muita casca de banana".

Ele ressaltou o que acredita ser a expectativa do eleitor em relação a ele para ter chance na disputa. "Eu tenho de revelar ao povo brasileiro que eu estou maduro, experiente, capaz de atravessar esse campo minado e não cometer nenhum erro desses laterais, que qualquer ser humano pode cometer, mas que eu não tenho direito mais de cometer. Porque comecei muito cedo na vida pública e cultivo o hábito da franqueza, de falar o que eu penso e às vezes isso é muito mal entendido e eu aprendi isso também".

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O ex-ministro ressaltou que se considera o mais experiente entre todos os nomes na disputa eleitoral. "Não é nem por vantagem minha, é por desvantagem dos outros", afirmou, lembrando a trajetória como prefeito, governador, deputado estadual, deputado federal e ministro. "Mesmo um cara mais experiente como (Geraldo) Alckmin (PSDB) não conhece o Brasil, porque nunca saiu de São Paulo para nada".

Candidato de Temer

Ciro afirmou também que não acredita que algum candidato se disponha a representar o presidente Michel Temer na disputa. "É muito improvável que, como tal, se apresente um candidato dizendo que é base do Michel Temer. Pelo contrário, nós vamos assistir de novo a enganação dos candidatos que são vinculados a esse ideário, esse projeto, que é a turma do PSDB, do PMDB, disfarçando-se com discurso que tenta engabelar a população. Porque eles sentem que defender um governo que afrontou de tal forma os interesses populares, dos mais velhos, dos mais pobres, é alça de caixão".

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