Empréstimo ao PT 'nos sufocava', diz Schahin
Posteriormente, após inúmeras cobranças do banco que não recebia as parcelas do empréstimo, Salim Schahin relatou ter acertado um contrato de sua empresa com a Petrobrás para a operação de um navio-sonda em contrapartida à quitação do empréstimo de Bumlai. O contrato do Grupo Schahin para operar navio sonda da estatal petrolífera foi fechado ao preço de US$ 1,6 bilhão. "Aquele empréstimo nos sufocava, nos angustiava pelas circunstâncias dele", relatou o empresário ao juiz da Lava Jato.
Em seu depoimento de 47 minutos, o executivo disse que desde o começo da operação tinha preocupação com o fato de ser um empréstimo para uma pessoa em nome de um partido, mas que, o grupo empresarial acabou considerando ser importante se aproximar do partido político que estava no governo federal. "Nós ponderamos e houvemos por bem ir pra frente com o empréstimo", afirmou.
O temor do empresário acabou se justificando, já que as parcelas do empréstimo acabaram não sendo pagas pelo PT. A situação, segundo relatou Schahin, só começou a ser resolvida a partir de 2006, após várias reuniões entre os executivos do banco e representantes do partido.
"Delúbio (Soares, então tesoureiro do PT) se envolveu no mensalão e veio seu Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso na Lava Jato). Nós estávamos cobrando o Vaccari intensamente e ele afirmando que iria efetuar o pagamento. Em 2006 ficamos sabendo que a Petrobras havia encomendado um navio e, na época, éramos a única empresa brasileira que operava navio de águas profundas", relatou Schahin, que então admitiu ter sugerido ao petista o apoio político para a empresa vencer a licitação e operar o navio-sonda. "Então chegamos, em uma das conversas que mantivemos com Vaccari, e falamos: 'Olha Vaccari nós temos interesse na operação deste navio e pedimos apoio político do partido'", contou Schahin.
Em cerca de um mês, contou o executivo, Vaccari retornou ao banco e teria se mostrado favorável à ideia, sugerindo que o empréstimo para Bumlai fosse quitado em contrapartida ao contrato da Schahin com a Petrobras, que veio a ser firmado em 2009, para a operação do navio-sonda Vitória 10.000.
O episódio deu origem à ação penal contra dez réus, incluindo executivos da cúpula do Grupo Schahin, Bumlai e Vaccari, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. O depoimento de Salim Schahin nesta quarta-feira, 13, foi tomado nesta ação penal, na qual a Procuradoria da República pede o ressarcimento de R$ 53,2 milhões dos investigados.
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