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Repasse para conta secreta foi acertado em escritório de operador de propina

19:30 | Fev. 25, 2016
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Mônica Moura, mulher e sócia do marqueteiro do PT, João Santana, declarou à Polícia Federal que o repasse de US$ 4,5 milhões feito pelo operador de propinas do estaleiro Keppel Fes, Zwi Skornicki, foi acertado no escritório do lobista, no Brasil, por conta de valores a receber que o casal tinha da campanha eleitoral de José Eduardo Santos para a presidência de Angola. Santana e Mônica foram presos nesta semana na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.

"(Zwi) foi indicado por uma mulher responsável pela área financeira da campanha presidencial de Angola", afirmou Mônica, ouvida na quarta-feira, 24, ao delegado Márcio Anselmo e ao procurador da República Digo Castor de Mattos.

João Santana, Mônica Moura e Zwi Skornicki estão presos em Curitiba, alvos da Lava Jato. O casal de marqueteiros que fez a campanha da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006), é suspeito pelo recebimento de US$ 7,5 milhões de forma irregular de dois alvos do cartel envolvido em corrupção na Petrobras. Parte (US$ 4,5 milhões) foi paga pelo lobista do estaleiro Keppel Fels e parte (US$ 3 milhões) pela Odebrecht, apontam os investigadores.

Segundo Monica, o valor recebido de Zwi tem relação com a campanha presidencial de José Eduardo Santos para a presidência, que teve custo total de US$ 50 milhões - mesmo valor citado por João Santana, ouvido na manhã desta quinta-feira, 25, pela força-tarefa da Lava Jato.

Ela disse que esse contrato englobava "uma pré-campanha, a campanha e uma pós campanha que era uma consultoria para pronunciamentos".

Contrato de gaveta

Do valor global do contrato de Angola, US$ 30 milhões foram captados por meio de contrato com a empresa dela e do marido, a Polis Brasil. Os outros US$ 20 milhões, confessou, "foram pagos por meio de um contrato de gaveta, não contabilizado". Monica comprometeu-se a apresentar o contrato à PF.

Na ocasião, disse, procurou Zwi Skornicki em seu escritório no Brasil e acertaram um pagamento de US$ 4,5 milhões, depositados na conta da Shellbill Finance.

Ela relatou não saber "por qual motivo foi feito o pagamento, acreditando que tenha sido por interesse do empresário (Zwi Skornicki) em negócios" em Angola.

Monica confirmou o envio de uma carta a Zwi Skornicki, na qual passa orientações para a elaboração do contrato. Ela disse que "apagou os dados da Klienfeld para não expor tal empresa a Zwi Skornicki" e que "nunca se preocupou em saber qual a área de atuação de Zwi".

Campanhas no Brasil

A mulher do marqueteiro do PT negou que pagamentos por ele realizados tenham qualquer relação com campanhas eleitorais no Brasil. Afirmou que ela e o marido "só atuam no marketing eleitoral e que os principais clientes, no Brasil, são o PT, o PDT e o PMDB".

Monica disse, ainda, que "deixou de declarar suas contas no exterior pois aguardava a promulgação de eventual lei de repatriação de valores, o que retiraria o caráter ilícito da manutenção da conta na Suíça em nome da Shellbil Finance."

Afirmou, ainda, que "em todas as suas campanhas, não fosse por imposição dos contratantes. preferia que fosse tudo contabilizado".M

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