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Analista vê papel 'decisivo' em debate da TV Globo

18:20 | Out. 24, 2014
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Mesmo depois de Dilma Rousseff (PT) abrir vantagem sobre Aécio Neves (PSDB) nas últimas pesquisas de intenção de voto, o debate que acontece nesta sexta-feira na TV Globo pode ser decisivo para a eleição presidencial. Isso porque os eleitores indecisos ou que pretendem anular o voto podem mudar de ideia ao assistir ao último embate do pleito. "Não tenho dúvidas de que, nesta eleição, os debates tiveram peso maior em relação a disputas anteriores. No primeiro turno, o debate da Globo teve papel decisivo para deixar Marina Silva (PSB) de fora", disse a socióloga especialista em pesquisas e debates eleitorais Fátima Pacheco Jordão. Segundo Fátima, a análise da audiência por minuto no primeiro encontro realizado pela Globo mostrou grande interesse, com praticamente metade do eleitorado assistindo a algum trecho do programa.

Para a cientista política e professora da Ufscar, Maria do Socorro Braga, o último debate da campanha, que será realizado hoje, pode ter um impacto importante na corrida eleitoral. "A tendência é que o resto desses indecisos se definam nesse último debate", disse. Ela afirmou ainda que, mesmo que não haja elementos surpresas no confronto, o debate mais propositivo pode ajudar a formar opiniões e consolidar votos.

O cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antônio Carvalho Teixeira lembra que o debate tem efeito essencialmente sobre a faixa de indecisos, nulos e brancos. A essa altura da corrida eleitoral e dada a polarização dos dois candidatos, é muito difícil que um eleitor da Dilma migre para o Aécio por conta do debate, ou vice-versa.

A disputa de 2014, contudo, foi marcada por um histórico peculiar. Começou impactada pela rejeição aos políticos, por causa das manifestações que reuniram milhares nas ruas em junho do ano passado, e contou até com a morte trágica de um dos candidatos no meio do caminho. "Foi uma corrida com grau de incerteza e volatilidade do eleitor altíssimos", avaliou Fátima.

Nesse contexto, o debate desta noite tem um papel estratégico nesta reta final. É também o último espaço de contato com o eleitor antes do pleito. Segundo Teixeira, qualquer situação de constrangimento que Aécio possa causar para Dilma pode "dar um gás" na sua candidatura. "Mas é preciso que ele produza fatos novos", afirma.

Redes sociais

Diferentemente do último debate, a militância nas redes sociais tende a convencer menos os eleitores nesta reta final, principalmente por conta do "Fla-Flu" que domina o embate virtual. Para o doutor em Comunicação e professor de mídias sociais do Mackenzie Celso Figueiredo, o clima de "extremas paixões" nas redes sociais tende a ter uma repulsa por parte dos eleitores que ainda não se decidiu. "Uma pessoa que está indecisa a dois dias das eleições não se deixará levar por um discurso tão carregado de emoção e ira como o discursos que estão habitando a rede social nesse momento", avalia.

Figueiredo lembra que quando a campanha ainda estava em sua fase embrionária, o espaço destinado a temas políticos e aos candidatos era mais ligado ao humor. "No primeiro momento, ainda longe do primeiro turno, existia nas redes um processo de direcionamento a favor de um ou outro candidato muito a partir do humor, feito principalmente por memes", diz.

A construção do imaginário coletivo - seja positivo ou negativo - a respeito dos candidatos ficava a cargo dessas pessoas que divulgavam os memes. Quando os candidatos entraram mais ativamente nas redes, já mais próximo a realização das eleições, o humor se esgotou e ficou mais concentrado nos candidatos chamados de nanicos, explica o professor. "O humor migrou e também acabou. A rede social é um território de paixão extrema. O que se viu nas últimas três semanas nas redes foi a argumentação movida pela razão ser afogada por expressão emocional", afirma.

A socióloga Fátima Pacheco Jordão acredita que as redes sociais foram o canal prioritário para mensagens negativas e campanha de baixo nível, mas pontua também que há um potencial que a internet tem, de instigar o eleitor, que ainda é subavaliado. "As redes podem afastar, mas também instigar o eleitor a buscar informação. São também uma novidade positiva, que ajuda no processo de conhecimento dos eleitores e que pode pesar de uma maneira que ainda não sabemos mensurar", ponderou.

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