Em entrevista, Aécio fala de simplificação de tributos
O senador e ex-governador de Minas Gerais também defendeu o que chama de "reorganização do Estado brasileiro". O plano passa por corte de ministérios, ações de redesenho da máquina pública, reforço das agências reguladoras e, assim que for eleito, a criação de uma secretaria para simplificação do sistema tributário. O candidato diz estar trabalhando com vários órgãos e recebendo contribuições de associações comerciais na questão para buscar "a diminuição horizontal da carga tributária."
Ele explicou que o ajuste fiscal será feito, mas não será do dia para a noite. "E o tamanho dele dependerá do desmonte do atual governo vem fazendo. Mas é natural termos uma política fiscal mais austera e mais transparente. O governo atual aposta na maquiagem dos números e isso tem agravado a situação", disse.
No primeiro bloco do programa, Aécio afirmou que o primeiro ano de governo será difícil. "O sentimento dos especialistas é que não teremos um ano fácil em 2015. Economia é expectativa, e a vitória do atual governo gerará expectativa inflacionária, de descontrole fiscal e de absoluta falta de transparência nas contas públicas. A nossa vitória pode trazer a expectativa oposta." Segundo o candidato, a sua eventual vitória poderia gerar "um ambiente de maior serenidade" para "aplicar políticas públicas mais adequadas ao crescimento e ao controle inflacionário."
Entretanto, Aécio diz que não conseguirá trazer a inflação para o centro da meta em 2015. "Isso é um projeto que estamos discutindo com a equipe econômica para dois a três anos". O candidato também falou sobre a retomada do crescimento econômico. "Tenho absoluta convicção que a adoção de novas políticas públicas, a reorganização do Estado brasileiro, o resgate da confiança do investidor nos permitirá sair da lanterna de crescimento da América do Sul (...) que o País não merece". Disse ainda que é preciso reestatizar as empresas públicas, "devolvê-las aos brasileiros."
Quanto aos programas sociais, defendeu que várias das bolsas atuais nasceram no governo FHC e disse que um ponto positivo da gestão Lula foi unificar esses programas. Citou dados de sua gestão no Estado de Minas Gerais para defender meritocracia e eficiência na administração pública federal. "O que for bom desse governo (Dilma), vamos aprimorar."
No segundo bloco da entrevista, tratou da gestão do setor elétrico. Questionado sobre a falta de planejamento na época do governo Fernando Henrique Cardoso, que resultou no apagão de 2001, respondeu que não é advogado de defesa do governo FHC, alegando que o tempo se encarrega de provar isso, mas que na época o foco era controle da inflação, "um objetivo que se sobrepunha a todos os outros", e o período de ausência de chuvas foi grande.
O apagão, admitiu, prejudicou o saldo do segundo mandato do governo FHC. Aécio reconheceu que também há seca agora, mas que, num momento de estabilidade econômica, não houve planejamento. "Ao contrário, a presidente, de maneira populista, fez uma perversa intervenção no setor, que afugentou investidores", explicando que o Tesouro tem de socorrer as distribuidoras agora. Citou que a Cemig perdeu quase um quarto do seu valor "num passe de mágica, por causa de uma canetada" do governo.
"A verdade é que o governo do presidente Lula surfou na bendita herança do governo PSDB. E qualquer que seja o próximo presidente da República vai amargar a maldita herança do governo da presidente Dilma".
Na questão do sistema partidário nacional, o candidato defendeu o resgate da cláusula de barreira. "Sou o único candidato que tem a coragem de dizer aos aliados que se preparem para alcançar o mínimo de representatividade na sociedade para terem funcionamento parlamentar. Porque não quero apenas ganhar a eleição, eu quero governar".
Disse defender cláusula de desempenho, redução do número de partidos, mandato de cinco anos para todos os cargos, voto distrital misto, além de fim da reeleição. E aproveitou para tecer mais uma crítica: "A agenda da presidente é a de uma candidata. A reeleição acabou de ser desmoralizada pela atual presidente da República."
Quanto a denúncias de desvios e corrupção que também envolvem o PSDB, Aécio respondeu que faltam provas e que não é responsabilidade de um partido político. "Respondo pela minha vida, absolutamente correta."
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