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Ex-deputado acusado de comandar assassinato se diz inocente

Talvane Albuquerque Neto disse que não teria motivos para matar Ceci Cunha e de três familiares

12:38 | 18/01/2012
O depoimento mais aguardado na fase de interrogatórios dos réus no julgamento do assassinato da deputada alagoana Ceci Cunha e de três familiares, que ocorre desde a última segunda-feira na sede da Justiça Federal em Alagoas, em Maceió, foi o mais longo de todos. Após 4 horas e 20 minutos, o ex-deputado Talvane Albuquerque Neto, acusado de ser o mandante do crime, alegou não ter motivos para assassinar a ex-colega de Câmara. Disse, ainda, que não era amigo de Ceci, mas que mantinha com ela uma relação de respeito. "Depois da campanha de 1998, ela parou de me cumprimentar, mas essas coisas são normais. Essas intriguinhas, tão comuns na política, jamais seriam motivo para um crime desses." O interrogatório foi marcado por uma severa discussão entre o advogado do acusado, Welton Roberto, e o juiz federal André Luís Maia Tobias Granja, que preside o julgamento. A discussão teve início depois que Roberto começou a apresentar, em telão instalado no auditório, reportagens relativas ao crime publicadas em jornais locais. Uma apontava como principal suspeito de ser o mandante o ex-governador Manoel Gomes de Barros (PSDB). Em outra havia a informação de que Albuquerque não seria indiciado pelo crime. Quando pediu a exibição de outra reportagem a acusação protestou - e o juiz acolheu - alegando que o material não era prova e que não estava servindo de base para perguntas. "Este depoimento é para que o acusado possa se defender", disse Granja. Roberto alegou que as reportagens, anexadas no processo, constituíam prova. "Só vale prova contra?", provocou, lembrando da exibição de vídeos gravados pela Polícia Federal nos quais dois acusados confessavam participação nos assassinatos. "São coisas diferentes", rebateu o juiz. "Ali, eram testemunhos feitos pelos próprios acusados, não matérias de jornal." O ex-deputado também pediu "critério" aos jurados. "Tenho 55 anos e uma condenação dessas, no meu caso, é prisão perpétua", alegou "Peço que os senhores jurados tenham critério para analisar (as provas)." Ficaram para hoje os debates entre acusação e defesa. O juiz Granja acolheu pedido da defesa dos cinco acusados, que pediu um tempo maior do que o previsto (duas horas e meia) para as alegações finais, por causa do número de acusados e da grande quantidade de dados do processo (7.775 páginas). Tanto defesa quanto acusação terão direito a três horas de apresentação de provas e argumentos, mais duas de réplica e tréplica. Segundo o juiz, os processos de deliberação e decisão dos jurados e a conclusão do processo devem demorar outras quatro horas. Os trabalhos foram reiniciados às 9 horas (de Brasília).

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