Sanções americanas contra magnata Chen Zhi atingem fabricante dominicano de charutos
Um gigantesco fabricante de charutos na República Dominicana teve sua produção afetada após sanções americanas contra seu maior acionista, o magnata britânico-cambojano Chen Zhi, informou um porta-voz da empresa controladora à AFP nesta segunda-feira (22).
A Tabacalera de García, um dos maiores produtores do mundo, é filial do grupo espanhol Tabacalera, subsidiária do consórcio Allied Cigar Corporation.
Zhi é o maior acionista desse consórcio, e os Estados Unidos o acusaram em outubro de supervisionar campos de trabalho forçado no Camboja, onde vítimas de tráfico humano são usadas em golpes on-line.
"A Tabacalera está sendo afetada por um fato totalmente externo à gestão dos executivos e da empresa", disse Juan Girón, responsável pela comunicação da companhia, de Madri.
"Devido ao bloqueio operacional nos Estados Unidos, a Tabacalera foi obrigada a adaptar temporariamente os níveis de atividade e emprego em suas fábricas", acrescentou.
Girón afirmou que acionistas minoritários promovem a compra das ações de Zhi para que ele "fique completamente afastado" da operação, e assinalou ter "confiança de que a situação possa se normalizar".
Cándido Rosario, ex-diretor da Tabacalera de García por 29 anos, contou à AFP que a fábrica opera atualmente com 20% de seu quadro de funcionários devido ao bloqueio dos Estados Unidos.
"Há muito nervosismo entre os funcionários, que não sabem o que vai acontecer", acrescentou.
O Reino Unido também congelou ativos comerciais e imobiliários em Londres no valor de mais de 130 milhões de dólares (720 milhões de reais) ligados à rede de Zhi, enquanto Taiwan, Singapura e Hong Kong apreenderam bens avaliados em cerca de 350 milhões de dólares (1,94 bilhão de reais).
Nascido na China, Zhi aparece como principal acionista de várias empresas de fachada sediadas na Europa, na Ásia e no Caribe, que levam, em última instância, à Tabacalera, segundo um organograma ao qual a AFP teve acesso.
O empresário, que está foragido, também fundou o gigante conglomerado cambojano Prince, sancionado pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
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