Trump diz não precisar do Congresso para realizar ataques na Venezuela
O presidente Donald Trump declarou nesta quinta-feira (18) que não se sente obrigado a informar o Congresso dos Estados Unidos para realizar eventuais ataques contra a Venezuela, e indicou que temia algum tipo de vazamento por parte dos legisladores.
"Eu não me importaria, mas [...] não preciso dizer a eles. Está comprovado, mas não me incomodaria em absoluto", afirmou o mandatário quando uma jornalista lhe perguntou se pensava em solicitar a aprovação do Congresso para realizar ataques em terra na Venezuela.
"Apenas espero que não vazem [informações]. Vocês sabem, as pessoas vazam. São políticos, e vazam como uma peneira", acrescentou o republicano.
Trump ameaçou em diversas ocasiões lançar ataques em solo venezuelano com a mira posta nos cartéis de drogas.
O Exército americano lançou em setembro uma campanha de ataques contra embarcações que acusa de transportarem drogas no Caribe e no Pacífico, que deixaram pelo menos 99 mortos.
A ONU, especialistas e ONGs questionam a legalidade dessas operações.
Legisladores da oposição democrata, mas também da maioria republicana no Congresso, consideram que o presidente não tem autoridade legal para fazer esses ataques e que qualquer eventual intervenção terrestre requereria o aval do Legislativo.
Além disso, a Câmara dos Representantes rejeitou na quarta-feira dois textos que buscavam regular por lei esses ataques. No Senado também fracassaram medidas similares.
"O presidente não demonstrou a autoridade necessária sob a legislação americana ou internacional para realizar ataques militares letais contra essas embarcações", declarou o legislador democrata Gregory Meeks durante um debate na Câmara dos Representantes.
"Ninguém pode afirmar de maneira crível que esses barcos [...] representavam uma ameaça iminente para o povo americano que justificasse o uso da força militar", acrescentou Meeks.
A administração Trump argumenta que o presidente não extrapolou sua autoridade, já que esses ataques estão no contexto do "conflito armado" iniciado por Washington contra os cartéis de drogas, os quais classificou no início do ano como "organizações terroristas estrangeiras".
Segundo a Constituição americana, embora o presidente seja o comandante em chefe das forças armadas, apenas o Congresso tem autoridade para declarar guerra formalmente.
Porém, há muitas décadas, em vez dessa declaração formal, os presidentes têm-se apoiado em resoluções do Congresso para realizar operações militares limitadas no exterior, especialmente no Afeganistão.
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