Ditador da Belarus oferece asilo a Maduro em meio a tensão com Estados Unidos
O ditador de Belarus, Aleksandr Lukashenko, disse no último sábado, 13, que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, poderia ir para seu país caso deixasse o cargo. Lukashenko, porém, afirmou que os dois nunca conversaram sobre essa possibilidade.
As declarações foram feitas em entrevista à emissora americana Newsmax. Ao ser questionado se estaria disposto a receber Maduro caso ele deixasse a Venezuela, o presidente bielorrusso respondeu que sim.
"Maduro nunca foi nosso inimigo ou adversário. Nunca. Se ele quisesse vir para Belarus, nossas portas estariam sempre abertas para ele", disse.
No entanto, Lukashenko afirmou que Maduro "não é o tipo de homem que abandona tudo e foge". "Ele é uma pessoa forte, do tipo de Hugo Chávez. É um homem forte, uma pessoa decente e sensata com quem se pode conversar e chegar a um acordo", acrescentou.
A possibilidade foi levantada em meio ao aumento da tensão entre Venezuela e Estados Unidos, com o crescimento da presença militar americana no Caribe. Washington realiza uma operação na região desde agosto, que já deixou pelo menos 95 mortos.
O governo americano afirma que a ação é contra o tráfico de drogas, enquanto Maduro diz que a intenção é retirá-lo do poder para acessar as riquezas naturais de Caracas.
Lukashenko também disse estar ciente de rumores na imprensa sobre um possível acordo para que Maduro se mudasse para Belarus, mas que os dois nunca chegaram a conversar sobre o assunto.
"Para ser sincero, conversamos mais com os americanos sobre a Venezuela do que com Maduro sobre sua aposentadoria e algumas de suas ações. Ele é um herói", disse.
O presidente bielorrusso afirmou ainda que esperava discutir o assunto com o presidente dos EUA, Donald Trump, em breve. "Tenho muitas coisas interessantes para lhe dizer", declarou.
Segundo o governo bielorrusso, Lukashenko e Trump já conversaram por telefone em 15 de agosto deste ano e prometeram manter contato. Na ocasião, os dois falaram sobre as perspectivas para o desenvolvimento das relações entre Belarus e EUA, a guerra na Ucrânia e a situação no Oriente Médio. No início da entrevista à Newsmax, Lukashenko chegou a se descrever como "um grande apoiador de Trump".
Trump tem reiterado que uma ação terrestre na Venezuela não está descartada. Na última semana, ele afirmou que "não se trata apenas de ataques terrestres contra a Venezuela", mas "de ataques terrestres contra pessoas horríveis que trazem drogas e matam nosso povo". Dias antes, já havia dito que ações terrestres ocorreriam "muito em breve" no país.
Lukashenko afirmou compreender o interesse de Washington na Venezuela, mas disse ao enviado especial dos EUA para Belarus, John Coale, que uma guerra no país seria "um segundo Vietnã".
"Ontem falei com John Coale sobre isso. Disse-lhe que isso seria um segundo Vietnã. Vocês precisam disso? Não. Portanto, não há necessidade de travar uma guerra lá. É possível chegar a um acordo", declarou.
Segundo o presidente bielorrusso, o tráfico de drogas é um problema global e não pode ser resolvido com guerras. "É um problema planetário que devemos combater. Não com mísseis. Devemos buscar, talvez, novos métodos. Precisamos agir com inteligência, não declarar guerra", afirmou.
Ele também descartou qualquer envolvimento de Maduro no tráfico de drogas. "Vocês não têm esses dados, e eu também não. Não acredito que seja esse o caso", disse.
Washington afirma que Maduro é o líder do Cartel de los Soles, grupo incluído pelos EUA na lista de Organizações Terroristas Estrangeiras (FTO, na sigla em inglês). Além das acusações de tráfico de drogas, os EUA também acusam Maduro de fraude eleitoral e não reconhecem sua vitória nas eleições de 2024.
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