Chefe de gabinete de Trump critica Pam Bondi sobre caso Epstein: 'Não há lista de clientes'

Chefe de gabinete de Trump critica Pam Bondi sobre caso Epstein: 'Não há lista de clientes'

A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, criticou a atuação da procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, no caso Jeffrey Epstein, em uma série de entrevistas publicadas nesta terça-feira, 16, pela revista Vanity Fair.

Em conversas reveladoras e abrangentes, Susie disse à Vanity Fair que subestimou o escândalo envolvendo Epstein, mas criticou duramente a maneira como Bondi conduziu o caso e as expectativas criadas junto ao público.

Durante a entrevista, ao ser questionada sobre Epstein, a chefe de gabinete disse que não havia prestado muita atenção "se todos esses homens ricos e importantes iam para aquela ilha nefasta e faziam coisas imperdoáveis com meninas jovens".

Ela afirmou ter lido os documentos da investigação e disse que Trump "não está no dossiê fazendo nada de horrível". Segundo Susie, os dois eram amigos antes de se desentenderem.

O Departamento de Justiça tem até sexta-feira, 19, para divulgar tudo o que tem sobre Epstein, depois que Donald Trump - inicialmente contrário à divulgação - sancionou uma lei exigindo que os documentos se tornem públicos.

A chefe de gabinete criticou a forma como Bondi lidou com o caso desde o início do ano, quando a procuradora-geral distribuiu pastas a um grupo de influenciadores sem qualquer informação nova sobre Epstein. O gesto acabou intensificando as pressões da base de apoio de Trump pela divulgação dos arquivos.

"Acho que ela ignorou completamente o fato de que esse era justamente o grupo que se importava com isso", disse Susie sobre Bondi. "Primeiro, ela entregou pastas cheias de informações irrelevantes. E depois disse que a lista de testemunhas, ou a lista de clientes, estava em sua mesa. Não há lista de clientes, e com certeza não estava em sua mesa."

Após a publicação das entrevistas, a chefe de gabinete desmereceu a reportagem, classificando-a como uma "matéria difamatória e tendenciosa contra mim e o melhor presidente, equipe da Casa Branca e gabinete da história".

"Um contexto significativo foi ignorado e muito do que eu, e outros, dissemos sobre a equipe e o presidente foi omitido da matéria", escreveu em uma publicação nas redes sociais. "Presumo, após lê-la, que isso foi feito para pintar uma narrativa extremamente caótica e negativa sobre o presidente e nossa equipe." Mas Susie não negou os comentários que lhe foram atribuídos.

Em sua réplica, ela argumentou que Donald Trump realizou mais em 11 meses do que qualquer presidente em oito anos, graças à sua "liderança e visão incomparáveis". "Nada disso impedirá nossa busca incansável para tornar a América grande novamente", afirmou.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, saiu em defesa da chefe de gabinete. Em publicação no X, ela disse que "o presidente Trump não tem conselheira maior ou mais leal do que Susie. Toda a administração é grata por sua liderança firme e está totalmente unida em torno dela".

Susie diz que Trump tem 'personalidade de alcoólatra'

Trump escolheu Susie após ela coordenar sua campanha vitoriosa de 2024. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete da Casa Branca e é conhecida por evitar os holofotes. É raro que ela fale de forma tão extensa e aberta sobre o presidente como fez à Vanity Fair, que publicou uma longa entrevista com ela - e com outros membros da equipe da Casa Branca e do gabinete. Susie tem concedido entrevistas à revista desde pouco antes de Trump assumir o cargo, em janeiro deste ano.

Ao longo da série de entrevistas, a chefe de gabinete descreveu o presidente nos bastidores de forma semelhante à sua imagem pública: uma figura intensa, que pensa em termos gerais, mas frequentemente não se detém nos detalhes de processos e políticas. Ela acrescentou, no entanto, que Trump não tem sido tão raivoso ou temperamental quanto costuma ser retratado, embora tenha reconhecido sua implacabilidade e determinação em se vingar daqueles que considera inimigos políticos.

Susie afirmou que Trump tem uma "personalidade de alcoólatra", embora ele não beba. Segundo ela, trata-se de uma característica que ela reconhece em seu pai, o comentarista esportivo Pat Summerall.

"Alcoólatras funcionais, ou alcoólatras em geral, têm suas personalidades exageradas quando bebem. E eu sou meio que uma especialista em personalidades fortes", disse. Segundo Susie, Trump tem "a visão de que não há nada que ele não possa fazer. Nada, zero, nada".

Venezuela e retaliações

Questionada sobre a Venezuela, Susie disse que Trump quer manter a pressão sobre o ditador venezuelano Nicolás Maduro. "Ele quer continuar explodindo barcos até que Maduro se renda. E pessoas muito mais inteligentes do que eu nesse assunto dizem que ele vai se render", afirmou. O comentário, no entanto, pareceu contradizer a posição oficial do governo, segundo a qual os ataques visam combater o tráfico de drogas e salvar vidas americanas - e não promover uma mudança de regime.

A chefe de gabinete disse que tem "muita certeza de que sabemos quem estamos explodindo." Os ataques contínuos e o aumento no número de mortos chamaram a atenção do Congresso, que reagiu e abriu investigações.

Susie descreveu grande parte de seu trabalho como canalizar a energia, os caprichos e os resultados políticos desejados por Trump, incluindo gerenciar seu desejo de vingança contra oponentes políticos, pessoas que ele responsabiliza pela derrota eleitoral em 2020 e aqueles que o processaram criminalmente após seu primeiro mandato.

"Temos um acordo informal de que o acerto de contas terminará antes dos primeiros 90 dias", disse a chefe de gabinete no início do governo, em entrevista à Vanity Fair, afirmando que tenta conter a propensão de Trump à retaliação.

Mais tarde, em 2025, ela relativizou essa avaliação. "Não acho que ele esteja em uma turnê de retaliação", disse, argumentando que Trump opera sob outro princípio: "'Não quero que o que aconteceu comigo aconteça com outra pessoa'. E, portanto, pessoas que fizeram coisas ruins precisam sair do governo. Em alguns casos, pode parecer retaliação. E pode haver um pouco disso de vez em quando. Quem o culparia? Eu não."

Questionada sobre o processo movido contra a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, por fraude hipotecária, Susie admitiu: "Bem, essa pode ser a única retaliação."

*Com Informações da Associated Press.

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