María Corina Machado sofreu fratura vertebral em sua conturbada saída da Venezuela

María Corina Machado sofreu fratura vertebral em sua conturbada saída da Venezuela

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, sofreu uma fratura vertebral após deixar a Venezuela clandestinamente e chegar na Noruega na semana passada, anunciou sua porta-voz Claudia Macero nesta segunda-feira (15).

Machado, de 58 anos, recebeu o Nobel da Paz por sua luta por "uma transição justa e pacífica" para recuperar a democracia na Venezuela.

Apesar de estar na clandestinidade desde as eleições presidenciais de 2024, nas quais a oposição denunciou fraude e questionou a vitória que deu um terceiro mandato a Nicolás Maduro, a opositora prometeu que compareceria à cerimônia de premiação realizada em Oslo na semana passada. 

Também afirmou que temeu por sua vida na perigosa viagem para deixar seu país e chegar à Noruega para receber o Nobel na quarta-feira, que combinou um trajeto de barco até Curaçao e um voo em avião privado com escala nos Estados Unidos.

"A fratura vertebral está confirmada", afirmou Claudia Macero, referindo-se a um artigo publicado no jornal norueguês Aftenposten. 

"Por ora, nenhuma outra informação será divulgada além do que consta no artigo", acrescentou. Segundo o jornal, a fratura ocorreu enquanto ela era transportada em um pequeno barco de pesca, com o mar agitado.

A lesão foi diagnosticada no hospital universitário Ullevål, em Oslo, afirmou este meio de comunicação. 

A líder da oposição chegou a Oslo na madrugada de quinta-feira, tarde demais para comparecer à cerimônia de entrega do prêmio, que foi recebido por sua filha, Ana Corina Sosa. Desde que chegou à Noruega, ela havia manifestado repetidamente o desejo de consultar um médico, sem explicar o motivo.

A fratura não a impediu de passar por cima de uma barreira para cumprimentar seus apoiadores na capital norueguesa, em sua primeira aparição pública no país nórdico. 

- "Risco real" -

Machado passou à clandestinidade após as eleições presidenciais de 2024, cujos resultados eleitorais não foram reconhecidos por EUA, União Europeia e vários países da América Latina. 

A líder da oposição, inabilitada politicamente, sustenta que Maduro roubou as eleições de seu candidato, González Urrutia, e publicou cópias das atas registradas nas máquinas de votação como prova da fraude. 

Antes de sua aparição em Oslo, ela não havia sido vista em público desde um protesto em Caracas contra a posse de Maduro, em janeiro de 2025.

Correndo o risco de ser declarada foragida em seu país, onde vivia escondida, Machado deixou a Venezuela em circunstâncias que mantém em segredo.

Segundo Bryan Stern, ex-soldado americano que fundou uma empresa para ajudar estrangeiros a escapar de áreas perigosas, sua saída do país sul-americano foi possível graças a uma operação complexa apelidada de "Dinamite Dourada".

Stern relatou que a opositora deixou Caracas disfarçada e usando uma peruca, rumo a uma praia no norte do país. 

Ao chegar à praia, o barco em que deveria escapar — uma velha embarcação de pesca escolhida para não levantar suspeitas nem se expor aos bombardeios americanos no Mar do Caribe contra embarcações que, segundo Washington, transportam drogas — estava avariado.

Por fim, conseguiu embarcar, mas o GPS não funcionava. Entorpecida de frio e encharcada, foi transferida para outro barco, onde Stern a aguardava. A bordo dessa embarcação, chegou a Curaçao, de onde pegou um avião particular.

"Houve momentos em que senti que minha vida corria um risco real, e também foi um momento muito espiritual porque, no fim, simplesmente senti que estava nas mãos de Deus", declarou Machado na sexta-feira em Oslo.

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