Canadá desiste de homenagear vítimas do comunismo ao ver que maioria tinha ligação com nazismo
O Departamento do Patrimônio Canadense desistiu de escrever nomes no Memorial às Vítimas do Comunismo, localizado em Ottawa, depois de descobrir que a maioria dos homenageados supostamente seriam nazistas ou teriam ligações com grupos fascistas.
Segundo o jornal Ottawa Citizen, a previsão era de que 553 nomes de pessoas que foram vítimas do comunismo fossem escritos no Muro da Lembrança. No entanto, na última quinta-feira, 11, o Ministério do Patrimônio Canadense confirmou ao jornal que havia revertido sua decisão de incluir nomes específicos.
"O Governo do Canadá enfatizou que todos os aspectos do Memorial às Vítimas do Comunismo devem estar alinhados com os valores canadenses de democracia e direitos humanos", disse a porta-voz do Departamento do Patrimônio Canadense, Caroline Czajkowski, ao Ottawa Citizen. "O Muro da Lembrança agora apresentará exclusivamente conteúdo temático que transmita a intenção comemorativa e educacional mais ampla do memorial", acrescentou.
Segundo a reportagem, a porta-voz não explicou qual seria o "conteúdo temático", mas funcionários do governo canadense sugeriram que, em vez de nomes específicos, o Muro de Lembrança deveria focar em momentos históricos, como a chegada dos refugiados vietnamitas ao Canadá.
O Memorial às Vítimas do Comunismo foi inaugurado em 12 de dezembro de 2024, mas já era alvo de polêmicas há pelo menos 15 anos. O Ottawa Citizen afirmou que o custo do projeto foi estimado inicialmente em US$ 1,5 milhão, valor que deveria ser financiado por meio de doações privadas, mas chegou a US$ 7,5 milhões - destes, US$ 6 milhões vieram de fundos públicos. O memorial foi idealizado durante o governo do então primeiro-ministro, Stephen Harper.
Documentos obtidos pelo jornal mostraram que, em 2023, o Departamento do Patrimônio Canadense recomendou a exclusão de mais de 330 nomes devido à falta de informações sobre os indivíduos ou organizações e sobre possíveis ligações com organizações fascistas ou nazistas.
O espaço deveria ter sido inaugurado em 2023, mas a data de abertura foi alterada depois que parlamentares homenagearam o soldado ucraniano Yaroslav Hunka, da Divisão Galícia da Waffen-SS, braço armado da Schutzstaffel, que, por sua vez, era uma organização diretamente ligada ao Partido Nazista.
Dois anos antes, a organização Amigos do Centro Simon Wiesenthal já havia revelado que o ucraniano Roman Shukhevych, que colaborou com os nazistas e foi ligado aos massacres de judeus e poloneses, seria um dos homenageados no memorial. Ele foi retirado da lista após a questão ser repetidamente levada ao Departamento do Patrimônio Canadense.
Outro nome que esteve entre os homenageados é o de Janis Niedra, que participou de execuções de judeus durante o Holocausto. Segundo o jornal, ele liderou um grupo de 40 pessoas para ajudar os nazistas a prender e executar cerca de 350 judeus, incluindo mulheres, crianças e idosos, e, depois do fim da 2ª Guerra Mundial, migrou para o Canadá.