Ruanda e República Democrática do Congo assinam acordo de paz

Ruanda e República Democrática do Congo assinam acordo de paz

Autor DW Tipo Notícia

Mediado pelos EUA, acordo visa encerrar conflito que eclodiu em 1998. Pacto concede ainda aos Estados Unidos acesso preferencial a minerais estratégicos da região.Os presidentes da Ruanda, Paul Kagame , e da República Democrática do Congo , Félix Tshisekedi, assinaram nesta quinta-feira (04/12), em Washington, um acordo de paz , mediado pelos EUA e alcançado no início do ano, para encerrar o conflito entre ambos os países. "Estamos resolvendo uma guerra que já dura décadas", afirmou o presidente americano, Donald Trump , durante a assinatura do pacto. "Eles passaram muito tempo se matando, e agora vão passar muito tempo se abraçando, dando as mãos e aproveitando economicamente dos EUA, como todos os outros países fazem", acrescentou. Trump detalhou que o acordo contempla um cessar-fogo permanente, o desarmamento das forças não estatais, o retorno dos refugiados e a responsabilização para aqueles que cometeram atrocidades. O pacto inclui ainda um componente econômico ao conceder aos Estados Unidos acesso preferencial a minerais estratégicos da região. Os presidentes dos dois países africanos agradeceram a Trump por sua participação no acordo, mas esclareceram que se "as coisas não saírem como deveriam", a responsabilidade não recairá nele. "Cabe a nós, na África, trabalhar com nossos parceiros para consolidar e ampliar esta paz", disse Kagame. Por sua vez, Tshisekedi se mostrou esperançoso. "Seremos lúcidos, mas firmemente otimistas. Estes acordos de Washington pela paz e pela prosperidade devem ser para nossos povos um símbolo de um compromisso irreversível", acrescentou. Entenda o conflito Desde 1998, o leste da República Democrática do Congo vive um conflito alimentado por grupos rebeldes e pelo Exército, apesar da missão de paz da ONU (Monusco). Estima-se que mais de 100 movimentos armados estejam envolvidos no conflito, sendo o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23 ), apoiado por Ruanda – segundo a ONU e vários países ocidentais –, o mais notório. Ruanda nega apoiar o M23. A crise no leste congolês se agravou no final de janeiro, quando o M23 assumiu o controle de Goma, capital da província de Kivu do Norte, e semanas depois de Bukavu, capital da vizinha Kivu do Sul. A crise humanitária que já era severa piorou ainda mais. Em junho, a República Democrática do Congo e Ruanda ratificaram seu acordo de paz em Washington, durante uma cerimônia no Departamento de Estado, com a presença do secretário de Estado, Marco Rubio, e dos ministros do Exterior de ambos os países. No entanto, a violência continuou na região, e em novembro representantes congoleses e do M23 assinaram em Doha um acordo-quadro, mediado pelo Catar, com o objetivo de alcançar uma paz definitiva. Vantagens para os EUA O acordo assinado nesta quinta também possui um componente econômico que concede aos EUA acesso preferencial a minerais estratégicos da região. Washington está ansioso para garantir esses minerais enquanto busca conter a dominância global da China. "Vamos extrair algumas das terras raras", disse Trump. "E todo mundo vai ganhar muito dinheiro." Os EUA buscam alternativas à China para terras raras usadas em diversos equipamentos de alta tecnologia. O país asiático responde por quase 70% da mineração mundial de terras raras e controla aproximadamente 90% do processamento global desses minerais. Para o cofundador e diretor executivo da organização Friends of the Congo em Washington, Maurice Carney, o principal motivo do acordo foram os interesses comerciais das partes. "Os interesses econômicos das elites locais em Kigali e Kinshasa e das elites globais em Washington e nos EUA convergem, e são esses interesses que estão sendo atendidos, não os do povo congolês", afirmou. cn (DW, EFE)

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