Europa se distancia de ofensiva de Trump no mar do Caribe

Europa se distancia de ofensiva de Trump no mar do Caribe

Autor DW Tipo Notícia

Governos europeus saem em defesa da lei internacional após dois meses de ataques a supostas narcolanchas. Reino Unido teria limitado compartilhamento de inteligência.Governos da Europa vêm reagindo criticamente aos dois meses de ataques pelos Estados Unidos (EUA) a supostas embarcações do narcotráfico na costa latino-americana. Para analistas, o gesto de aliados americanos manda uma importante mensagem política, mesmo que não garanta a amenização da tensão militar instalada no Mar do Caribe. A França condenou na terça-feira (11/11) as operações militares comandadas pelo chefe da Casa Branca, Donald Trump , na sua autoproclamada guerra ao narcotráfico. Durante reunião do G7, o ministro do Exterior francês, Jean-Noël Barrot, ressaltou que os ataques ignoram as leis internacionais. Dias antes, durante uma cúpula de alto nível na Colômbia, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu o fortalecimento da unidade entre a América Latina e a União Europeia em defesa do direito internacional. A fala foi interpretada como referência implícita à tensão corrente. Enquanto isso, fontes britânicas citadas pela emissora de televisão CNN afirmam que o Reino Unido decidiu deixar de compartilhar informações de inteligência que poderiam servir aos ataques americanos no Caribe. O objetivo seria evitar que o governo britânico se torne cúmplice de ações ilegais. Quase ao mesmo tempo, a Colômbia adotou a mesma decisão. Em outubro, os EUA aplicaram sanções contra o presidente Gustavo Petro, alegando que o mandatário falhou no combate ao tráfico de drogas. Importância simbólica O explícito posicionamento sobre os ataques por altos níveis de governos europeus são tidos como simbolicamente importantes por analistas ouvidos pela DW. "O que podemos estar vendo é uma distância demarcada destas ações, que demonstram que, também a nível político, não só a nível da comunidade de direitos humanos, há um rechaço dela", diz Carolina Jiménez, presidente do Escritório de Washington para a América Latina (WOLA, na sigla em inglês). A alegada decisão britânica seria um particular ponto de atenção para a Casa Branca, num possível sinal de que um eventual fortalecimento da ofensiva militar americana não será bem recebido. "EUA e Reino Unido são muito próximos em matéria militar e de inteligência e mantém um diálogo jurídico sólido e franco," explica o antropólogo Brian Finucane, do Programa dos Estados Unidos da organização International Crisis Group. Outros países poderiam ainda seguir o exemplo do Reino Unido e restringir sua cooperação militar ou em matéria de inteligência se considerarem as operações americanas ilegais, afirma o especialista. Sinais de ameaça O papel da Europa pode ser ainda mais relevante, dado que os Estados Unidos vêm enviando sinais de ameaça. O envio do porta-aviões USS Gerald Ford para as águas do Caribe acendeu um alerta na região. A moderna embarcação transporta mais aviões de guerra do que quase todos os países da América Latina e um número de aeronaves próximo ao da Venezuela, principal alvo da hostilidade americana. "A chegada de um porta-aviões com tecnologia tão avançada e que representa, sem dúvida, um grande ativo militar para os Estados Unidos não é um simples gesto: demonstra a clara disposição deste governo de ampliar a ameaça. A grande questão é por que ele está lá. Não há justificativa em termos de combate ao narcotráfico”, afirma Jiménez. Não existem evidências de que o governo americano planeje uma intervenção militar na Venezuela , para além do envio de equipamento militar ao Caribe. A ofensiva, entretanto, vem levantando especulações entre observadores políticos e na população. Autor: Diego Zúñiga

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