Democratas saboreiam vitórias em seus redutos e sonham com eleições de 2026
Os democratas acordaram nesta quarta-feira (5) com amplas vitórias em seus redutos eleitorais nas duas costas dos Estados Unidos, um triunfo que os faz sonhar em tirar dos republicanos o controle do Congresso dentro de um ano.
Nova York assistiu à vitória de seu primeiro prefeito autodeclarado "democrata e socialista", a Virgínia elegeu Abigail Spanberger com ampla margem e Nova Jersey consagrou a moderada Mikie Sherrill.
Na Califórnia, por sua vez, os eleitores aprovaram uma reforma que implica a reorganização dos distritos eleitorais, permitindo aos democratas conquistar até cinco cadeiras a mais na Câmara dos Representantes.
O presidente Donald Trump, que tem dominado os democratas com uma série de decretos presidenciais e uma lei ampla aprovada no Congresso, apresentou sua explicação para esse retumbante triunfo da oposição.
"Trump não estava nas cédulas", afirmou. A isso se somou "o fechamento do governo", que afetou, por exemplo, milhares de servidores federais que vivem na Virgínia.
Mas o fato é que os candidatos democratas nesses estados souberam voltar a temas práticos, a inflação e o impacto das tarifas de Trump, para conquistar a vitória.
"É nisso que Donald Trump tem sido melhor, em nível nacional, do que os democratas, e este é um caminho a seguir para eles", analisou Wendy Schiller, professora de ciência política na Universidade Brown.
"De modo geral, é o estado da economia" que preocupa o eleitor, explica Todd Belt, professor da Universidade George Washington.
– Acelerar o passo –
Trump se encontra em uma encruzilhada política, com um fechamento de governo que atingiu um recorde histórico justamente nesta quarta-feira, e uma política comercial que pode ser derrubada pela Suprema Corte em poucas semanas.
Seu instinto é acelerar o passo. Em um café da manhã com senadores republicanos, Trump sugeriu nesta quarta-feira mudar as regras de votação, eliminar o requisito mínimo de 60 votos favoráveis (de 100) para aprovar reformas e partir para legislar em todas as frentes antes das eleições de novembro de 2026.
Embora os democratas tenham demonstrado disciplina e calma nessas campanhas eleitorais, alguns sinais indicam que a hostilidade se instalou de forma definitiva na vida política americana.
O candidato a procurador-geral na Virgínia, o democrata Jay Jones, resistiu aos apelos para abandonar a disputa após virem a público mensagens em que pedia abertamente a "darem dois tiros na cabeça" de um legislador republicano.
Jones se desculpou e saiu vitorioso.
"O radicalismo democrata faz com que o que está em jogo nas eleições legislativas de meio de mandato de 2026 seja muito maior. Os conservadores agora conhecem a estratégia dos democratas", avaliou o site de análise política Daily Calling.
Trump também aumentou as apostas com um discurso desafiador.
"Nós vamos cuidar" de Nova York, assegurou o presidente horas depois da vitória de Zohran Mamdani, do Partido Democrata. Aos 34 anos e autodefinido como socialista, ele se tornou o novo prefeito da megacidade com promessas como transporte público gratuito.
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