Bad Bunny no Super Bowl: por que trumpistas se revoltaram?

A escolha de Bad Bunny como atração principal do intervalo do Super Bowl LX gerou forte reação entre apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Confira o motivo

22:57 | Out. 03, 2025

Por: Luciana Cartaxo
Bad Bunny é a atração do Super Bowl LX 2026 e enfurece apoiadores do Governo Trump (foto: Reprodução/ Instagram )

O cantor porto-riquenho Bad Bunny, que se tornou uma das maiores estrelas da música global, será a nova atração do intervalo do Super Bowl LX prevista para fevereiro de 2026. O artista tem histórico de críticas às políticas migratórias dos Estados Unidos e já se posicionou contra a atuação da polícia de imigração (ICE).

A confirmação de sua participação no maior evento esportivo televisivo do país levou setores conservadores a acusarem a NFL de “provocação política” e alimentou uma nova frente da chamada guerra cultural.

Bad Bunny no Super Bowl: anúncio e significado da escolha

Bad Bunny foi anunciado como o responsável pelo Halftime Show em setembro, em decisão conjunta da NFL, Apple Music e Roc Nation. Em comunicado, o artista destacou que a apresentação é um tributo à cultura latina e ao público que o acompanha em todo o mundo.

O show será o único do cantor em solo norte-americano em 2026, já que ele havia optado por não incluir os Estados Unidos em sua turnê atual.

Segundo o próprio músico, a decisão de evitar o país estava relacionada ao receio de que agentes de imigração (ICE) realizassem fiscalizações em seus eventos, o que poderia colocar em risco parte de seus fãs.

A presença de um artista latino de língua espanhola em um espaço de tamanha visibilidade nos Estados Unidos foi recebida como um gesto simbólico. Para apoiadores, trata-se do reconhecimento da diversidade cultural do país. Para críticos, é visto como afronta a valores tradicionais.

Bad Bunny no Super Bowl: a reação dos trumpistas

Logo após o anúncio, aliados de Donald Trump reagiram. Corey Lewandowski, ex-assessor do republicano e atual colaborador da área de Segurança Interna, declarou que agentes da imigração estarão no Super Bowl. Segundo ele, “não há refúgio seguro, nem no Super Bowl”.

Além disso, atacou diretamente Bad Bunny, afirmando que o artista “parece odiar a América” e classificando a escolha como “vergonhosa”.

Entre apoiadores do ex-presidente, também circularam críticas relacionadas ao idioma. Alguns questionaram o fato de o show não ter músicas em inglês. A ex-piloto e comentarista Danica Patrick, por exemplo, escreveu nas redes sociais que “nenhuma música sem inglês deveria ser permitida” em um evento de tamanha relevância nacional.

Outros setores mais radicais chegaram a pedir que Bad Bunny fosse deportado, mesmo sendo cidadão norte-americano por ter nascido em Porto Rico. A situação expôs um desconhecimento jurídico, já que porto-riquenhos têm cidadania americana de nascimento.

Bad Bunny no Super Bowl: imigração como ponto de tensão

O histórico do artista explica parte da polêmica. Nos últimos anos, Bad Bunny usou sua visibilidade para criticar políticas de imigração. Em mais de uma ocasião, posicionou-se contra a atuação da ICE e chegou a relatar situações em que fãs latinos manifestaram medo de frequentar seus shows nos EUA.

O episódio se insere em um cenário mais amplo de polarização política nos Estados Unidos pois o Super Bowl, além de ser o maior evento esportivo do país, é também um espetáculo cultural e midiático.

Ao colocar no centro do palco um artista que representa a identidade latina e já expressou críticas diretas ao sistema migratório, a liga expôs-se ao embate entre visões diferentes sobre a identidade nacional.

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Bad Bunny no Super Bowl: o que esperar até fevereiro

Com a confirmação da presença da imigração no evento e as declarações públicas de aliados de Trump, a expectativa é de que a apresentação de Bad Bunny vá muito além da música.

Questões de segurança, protestos e até possíveis ações legais em torno da atuação de agentes federais estarão no centro das atenções.

De um lado, há quem veja a escolha como símbolo da diversidade e do peso da comunidade hispânica no país. De outro, conservadores interpretam como uma ameaça aos valores culturais que associam ao patriotismo norte-americano.