Organizações judaicas na França pedem cancelamento de show do Kneecap, acusado de apoiar Hezbollah
O conselho que representa organizações judaicas da França pediu, nesta quinta-feira (21), o cancelamento da apresentação durante um festival perto de Paris do trio norte-irlandês Kneecap, conhecido pela defesa da causa palestina e pelas acusações de apoiar o Hezbollah.
"Ao manter o Kneecap, os organizadores transformam o Rock en Seine em um festival da vergonha", declarou Yonathan Arfi, presidente do Conselho Representativo de Instituições Judaicas da França (Crif), no X, antes do show previsto para domingo.
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"Estão profanando a memória das 50 vítimas francesas do Hamas em 7 de outubro, bem como a de todas as vítimas francesas do Hezbollah, incluindo os 58 soldados franceses que morreram em 23 de outubro de 1983 no atentado em Drakkar", em Beirute, afirmou Arfi.
O representante do Crif acrescentou que é possível haver artistas comprometidos com causas, mas não há espaço para a apologia ao "terrorismo" nos festivais franceses.
O Kneecap era relativamente desconhecido até meses atrás, mas sua popularidade disparou desde que o grupo transformou seus shows em uma plataforma para a causa palestina.
No Festival de Glastonbury, realizado no Reino Unido no final de junho, acusou o Estado de Israel de ser um "criminoso de guerra".
Um dos três integrantes, Liam O'Hanna, conhecido como Mo Chara, compareceu esta semana a um tribunal de Londres em um processo por "violação terrorista", acusado de exibir uma bandeira do Hezbollah durante um show em 2024.
Nesse contexto, a localidade de Saint-Cloud, um subúrbio de Paris onde acontece o Rock en Seine, retirou pela primeira vez o subsídio de 40 mil euros (254 mil reais, na cotação atual) concedido ao festival.
Na França, o grupo se apresentou sem incidentes no festival Eurockéennes de Belfort e no Cabaret Vert de Charleville-Mézières.
Para esclarecer as posições dos artistas, foram realizadas "conversas" com o entorno dos músicos e os organizadores do Rock en Seine receberam a "confirmação" de que "não haverá tumultos", segundo o diretor do festival.
"Qualquer declaração de caráter antissemita, apologia ao terrorismo ou incitação ao ódio" será "objeto de procedimentos judiciais", advertiu o ministro do Interior, Bruno Retailleau, em uma carta em resposta a Caroline Yadan.
Essa deputada da 8ª circunscrição dos franceses residentes no exterior, que inclui Israel, havia pedido ao ministro que se manifestasse sobre o tema.
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