Os temas ausentes na cúpula do G7 para evitar conflitos com Trump

Os temas ausentes na cúpula do G7 para evitar conflitos com Trump

Igualdade de gênero, mudanças climáticas, biodiversidade, pobreza, saúde, direitos LGBTs e mais: a lista de temas ausentes na cúpula do G7 no Canadá, em comparação com encontros anteriores, é longa.

A reunião, a primeira desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, foi cuidadosamente planejada para garantir que o presidente dos Estados Unidos concordasse em participar, sem que terminasse em caos.

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O encontro anual dos líderes de sete das economias mais avançadas do mundo – Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido, Japão e Estados Unidos – tem como temas oficiais na agenda a perspectiva econômica global e a segurança energética.

Os organizadores destacam entre as prioridades as cadeias de fornecimento de minerais críticos e a aplicação da inteligência artificial, assim como "a paz e a segurança internacional".

A cúpula do Grupo dos Sete (G7) do ano passado, na Itália, quando o presidente americano era Joe Biden, terminou com uma declaração conjunta que prometia melhores vínculos com a África, ação contra a pobreza e determinação para enfrentar "a tripla crise da mudança climática, da poluição e da perda da biodiversidade".

Esses assuntos quase não aparecem no programa do G7 desta semana.

"Não faz sentido incluí-los na agenda se os americanos simplesmente se recusarem a discuti-los. E se incluir muitos, Trump nem sequer virá", afirmou John Kirton, especialista em G7 na Universidade de Toronto.

Além disso, com os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, as nações do G7 estão cada vez mais preocupadas com os gastos em defesa em vez da ajuda ao desenvolvimento, explicou.

Para o G7, fundado há 50 anos pelas principais economias do mundo à época, uma mudança tão drástica de prioridades levanta grandes questões sobre seu propósito e futuro.

Mas, para o governo Trump, o grupo simplesmente retorna à sua função original de promover a estabilidade e o crescimento econômico global.

"O Canadá conhece seu público, e se quer um resultado unificado da cúpula de líderes do G7 deste ano deve aderir aos valores tradicionais do G7 e evitar temas controversos", disse Caitlin Welsh, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington.

- "Retirada" dos problemas do mundo -

O impacto dessa mudança de agenda preocupa muitos ativistas.

"A retirada [dos problemas] do mundo do G7 é sem precedentes e não poderia ocorrer em um momento pior", enquanto a fome, a pobreza e os danos climáticos se intensificam, afirmou Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam International.

A Oxfam calculou que os países do G7, que fornecem três quartos de toda a ajuda pública ao desenvolvimento, reduzirão essa ajuda em 28% entre 2024 e 2026.

Em vez de se oporem à nova política americana em relação à ajuda, "países do G7 como o Reino Unido, a Alemanha e a França estão seguindo o mesmo caminho", lamentou Behar.

Não se espera um comunicado conjunto ao final da cúpula na terça-feira para evitar um possível fracasso dos membros em concordar com o texto.

Ainda que, lendo nas entrelinhas, possa-se observar que alguns assuntos não desapareceram completamente.

Assim, foi adicionado um tema inesperado na ordem do dia: uma discussão para "impulsionar a colaboração para prevenir, combater e se recuperar de incêndios florestais".

Essa temática "nos permite falar sobre mudança climática sem mencioná-la diretamente, porque sabemos que, infelizmente, nem todos gostam", explicou uma fonte do governo canadense à AFP, aludindo, sem nomear, a Trump.

Os incêndios, que se tornam mais intensos e frequentes devido às mudanças climáticas, causam cada vez mais danos ao mundo, inclusive nos Estados Unidos e no Canadá.

"Viram os incêndios florestais como uma porta de entrada, e uma que funcionaria com Donald Trump", explicou Kirton.

Para o especialista da Universidade de Toronto, a tática de incluí-los nas conversas do G7 é "inteligente".

bgs/sct/sms/ad/atm/ic/am

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