Parlamento da Hungria aprova saída do país do TPI

Parlamento da Hungria aprova saída do país do TPI

Autor DW Tipo Notícia

Governo húngaro toma decisão após mandado de prisão contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu. País será o único membro da União Europeia e o terceiro signatário a deixar o tribunal desde sua criação.O Parlamento da Hungria aprovou nesta terça-feira (20/05) a saída do país do Tribunal Penal Internacional(TPI), que classificou como "politicamente motivado". Com a decisão, a Hungria se torna o terceiro país a deixar o tribunal desde sua fundação sob o Estatuto de Roma, em 1998, seguindo o movimento de Burundi e Filipinas. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, já haviaanunciado a saída no mês passado, durante a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O premiê israelense viajou a Budapeste apesar do mandado de prisão emitido contra ele pelo tribunal, acusado de crimes de guerra em Gaza — alegações que Netanyahu rejeita. Na votação desta terça, 134 parlamentares húngaros apoiaram a proposta de retirada do tribunal, enquanto 37 votaram contra e sete se abstiveram. Assim que a decisão for formalizada, a Hungria notificará oficialmente as Nações Unidas, segundo informou o ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjártó. Ele afirmou que o TPI se transformou em um "órgão judicial politicamente motivado", algo que considera "inaceitável". "Está claro que a Hungria não tem lugar em uma organização como essa", declarou Szijjártó em nota oficial. De acordo com as regras do TPI, a retirada de um país só entra em vigor um ano após o envio da notificação formal — geralmente uma carta — ao secretário-geral da ONU. Decisão contra Netanyahu ameaça TPI Em novembro, o TPI emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo o uso da fome como arma de guerra, no contexto da ofensiva israelense em Gaza. O tribunal também emitiu um mandado contra Mohammed Deif, chefe militar do Hamas. O caso foi encerrado em fevereiro após sua morte. A visita de Netanyahu à Hungria foi a primeira viagem do premiê à Europa desde 2023. O tribunal já encontrava dificuldades para cumprir seus mandados de prisão no caso do presidente russo Vladimir Putin, já que depende dos Estados-membros para fazer valer suas decisões. Em fevereiro, se tornou alvo de sanções dos EUA por sua decisão contra Netanyahu. A saída da Hungria agora agrava a crise vivida pelo tribunal. O país comandado por Orbán será o primeiro e único membro da União Europeia a deixar o TPI. Todos os 27 países da UE estão atualmente entre os 125 signatários do tribunal, ainda que nações como Polônia e Alemanha já tenham sinalizado de forma favorável a um salvo-conduto para Netanyahu. Criado em 2002 e sediado em Haia, o Tribunal Penal Internacional foi concebido para julgar indivíduos responsáveis por crimes de guerra quando os próprios países não têm capacidade ou vontade de fazê-lo. Estados Unidos e Rússia não são membros do TPI — assim como Israel, China e Mianmar. A Hungria assinou o Estatuto de Roma em 1999 e o ratificou dois anos depois, ainda no primeiro mandato de Orbán. Apesar disso, o país defendia que o Estatuto de Roma "nunca fez parte da lei húngara", o que o isentaria de cumprir medidas do tribunal. gq (afp, dpa, dw)

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