'Muitos pensam como eu' sobre Trump, diz De Niro em Cannes
"Não importa o que digam, muitos pensam como eu" sobre o presidente Donald Trump, afirmou o ator americano Robert De Niro à AFP nesta quarta-feira (14), após um duro discurso ao receber uma Palma de Ouro honorária no 78º Festival de Cinema de Cannes.
O astro que ajudou a mudar o rumo de Hollywood, sobretudo ao lado de Martin Scorsese, com filmes como "Taxi Driver" (1976) ou "Touro Indomável" (1980), está em Cannes para falar mais de política do que cinema.
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Trump é um "presidente filisteu", declarou. "Estamos lutando ferozmente para defender a democracia" nos Estados Unidos, disse o ator de 81 anos na cerimônia de gala de abertura, antes de acrescentar que os artistas são "uma ameaça para os autocratas e fascistas deste mundo".
Questionado nesta quarta-feira, durante uma mesa redonda com alguns meios de comunicação internacionais sobre o silêncio de uma parte da indústria cinematográfica americana desde o retorno do republicano ao poder, De Niro diz não se sentir isolado.
"Sinto que as pessoas vão se levantar cada vez mais, vão se manifestar, vão protestar. É o nosso país, são os Estados Unidos. Creio que a maior parte do país não quer nem ditadura nem um governo autoritário", indicou.
"Não tenho a impressão de que a indústria não me apoie. (Mas) Há grandes empresas (que) devem estar preocupados com a raiva de Trump", afirmou.
O presidente americano provocou alarme na indústria cinematográfica ao ameaçar implementar um imposto de 100% sobre os filmes produzidos fora dos Estados Unidos.
- "É simplesmente uma loucura" -
De forma geral, "não se pode ficar sem reação, em silêncio. As pessoas devem se expressar e correr riscos, até mesmo de ser assediada ou qualquer outra coisa. Não podemos simplesmente deixar o valentão se safar, ponto final!", pediu o ator.
"Continuo pensando que quanto mais protestos, manifestações, quanto mais raiva houver sobre o que está acontecendo, (mais) os membros do Congresso e do Senado devem se perguntar se querem enfrentar seus eleitores furiosos ou Trump e os seus".
Após uma dura campanha eleitoral, e apesar das condenações em tribunais e da inimizade de grande parte dos meios de comunicação, Trump venceu a eleição de novembro. Os republicanos também conquistaram a maioria em ambas as câmaras do Congresso.
No entanto, De Niro acredita que os representantes democraticamente eleitos "precisam ter mais medo de seus eleitores para que possamos retificar e corrigir esta injustiça. E essa é a única maneira" de fazer isso, insistiu o ator, fazendo alusão aos protestos.
Um exemplo seria a forma como algumas universidades ou escritórios jurídicos "disseram não" e se recusaram a seguir as ordens do governo americano, disse ele.
"É importante porque outras pessoas veem que eles estão lutando, isso lhes dá força para lutar e eles se sentem inspirados. Elas dizem a si mesmas que isso é possível, que é disso que os Estados Unidos são feitos", disse o ator de "Cassino" (1995).
De Niro tem sido alvo de recriminações dos apoiadores de Trump em público, enquanto o presidente o chamou de "ator fracassado" e "perdedor" em mais de uma ocasião.
"Devemos parar o que está acontecendo, é simplesmente uma loucura", disse De Niro aos jornalistas.
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