China, em posição de força para negociar tarifas com EUA

China, em posição de força para negociar tarifas com EUA

A China está em posição de força para negociar neste fim de semana com os Estados Unidos na Suíça, segundo analistas, graças a fatores como seu grande mercado interno e sua resiliência diante das dificuldades econômicas. 

O comércio entre as duas maiores economias do mundo praticamente parou desde que o presidente americano, Donald Trump, impôs tarifas de até 145% sobre muitos produtos chineses, e a China respondeu com taxas de 125% sobre as importações dos EUA. 

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Após semanas de retaliações entre Washington e Pequim que agitaram os mercados mundiais, as duas potências se reunirão esta semana em Genebra. 

O governo dos Estados Unidos declararou que não espera "um grande acordo" para resolver a antiga queixa de Trump sobre o déficit comercial com o maior fabricante e exportador do mundo, mas está confiante de que ambos os lados pelo menos começarão a aliviar as tensões. 

A China alertou que manterá sua posição por princípios e sua exigência de retirada de todas as tarifas impostas por Trump. Segundo analistas, Pequim não tem pressa em chegar a um entendimento. 

"Pequim pode causar alguns danos aos Estados Unidos", disse à AFP Chong Ja Ian, professor associado de Ciência Política na Universidade Nacional de Cingapura. 

Suas principais vantagens nas negociações são seu gigante mercado interno, suas "tecnologias cruciais e seu controle sobre uma proporção significativa de terras raras processadas".

- "Capacidade de resiliência" - 

Em relação ao primeiro mandato de Trump, a resposta da China à disputa foi "mais madura", diz Dylan Loh, professor assistente na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura. 

"Acho que aprenderam com suas respostas anteriores e sabem que não podem ser guiados por ruídos", acrescenta. 

Analistas acreditam que a China adotou uma postura mais dura em relação às tarifas de Trump desta vez, apesar das dificuldades econômicas do gigante asiático, que não conseguiu recuperar o dinamismo anterior à pandemia de covid-19. 

"Porém, ainda tem ferramentas significativas para retaliação e, igualmente importante, resiliência", diz Lizzi Lee, do Asia Society Policy Institute. 

O sistema autocrático da China permite que o país "absorva danos econômicos de maneiras que as democracias muitas vezes não conseguem", observa. 

Ao mesmo tempo, Pequim implementou uma estratégia para impulsionar o comércio com o Sudeste Asiático e a Europa, apresentando-se como um parceiro mais estável e confiável diante do imprevisível governo Trump. 

"Não substituirá o mercado americano de um dia para o outro, mas cada aumento na diversificação reduz a exposição e aumenta a margem de negociação", argumenta Lee. 

Mas essas bases não significam que a China não sofrerá com tensões tarifárias. As exportações para os Estados Unidos no ano passado representaram mais de 500 bilhões de dólares (2,84 trilhões de reais), o que representa 16,4% do total, segundo dados oficiais de Pequim. 

- Um primeiro passo -

Autoridades chinesas revelaram esta semana medidas para impulsionar o consumo interno adormecido. Para o diretor do China Beige Book, Shehzad Qazi, seus líderes "não estão em pânico, mas sentem a pressão". 

Pequim precisa se preparar para negociações longas e delicadas com Washington, que podem envolver "muito mais volatilidade", disse Qazi. 

Analistas concordam que as negociações de Genebra são um primeiro passo para diminuir as tensões que, a longo prazo, podem levar à revogação das tarifas. 

"O melhor cenário seria um acordo sobre o processo para iniciar negociações futuras", disse Ryan Hass, membro da Brookings Institution. 

A China pode exigir o mesmo tratamento de dezenas de países aos quais Trump suspendeu algumas das tarifas impostas por 90 dias, sugere este especialista. 

O gigante asiático fez questão de enfatizar que as negociações estão ocorrendo a pedido de Washington, sugerindo que é o outro lado que está desesperado por um acordo, disse Dan Wang, diretor para a China no Eurasia Group. 

"O fato de isso estar acontecendo demonstra mais concessões por parte dos Estados Unidos", acredita.

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