Trump a um passo de iniciar uma guerra comercial com México e Canadá

Trump a um passo de iniciar uma guerra comercial com México e Canadá

O retorno de Donald Trump à Casa Branca pode influenciar nas tarifas de produtos canadenses e mexicanos; entenda

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprirá a sua ameaça de impor tarifas sobre produtos canadenses e mexicanos em 1º de fevereiro? Essa pergunta está na boca de todos nesta sexta-feira, 31, e as consequências podem ser graves para os três países.

Trump, que retornou à Casa Branca há pouco mais de uma semana, anunciou a intenção de impor tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México em 1º de fevereiro. 

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Os dois países são teoricamente protegidos pelo acordo de livre comércio T-MEC assinado durante o primeiro mandato do republicano. 

Mas isso apenas na teoria. Na quinta-feira, o magnata disse que decidiria a qualquer momento se isentaria de tarifas o petróleo produzido nesses dois países.

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Em 1º de fevereiro, também planeja submeter os produtos chineses a um imposto de 10%. Além disso, na quinta-feira, ele reiterou as ameaças de impor tarifas de "100%" ao Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul...) caso evitem o uso do dólar em suas transações internacionais. 

Segundo a Oxford Economics, se isso acontecesse, a economia dos Estados Unidos perderia 1,2 ponto percentual de crescimento, e o México poderia mergulhar em uma recessão.

Para Wendong Zhang, professor da Universidade de Cornell, o choque não seria tão grande para os Estados Unidos, mas certamente seria para os outros dois países. 

"Nesse cenário, Canadá e México podem esperar uma contração do PIB de 3,6% e 2%, respectivamente, e os Estados Unidos, em 0,3%", estimou. 

"A China também sofreria com uma escalada da guerra comercial existente, mas ao mesmo tempo se beneficiaria (das tensões entre Estados Unidos, México e Canadá)", acrescentou.

Trump e guerra comercial: Política interna

Durante a campanha, o candidato republicano disse que queria impor taxas alfandegárias de 10% a 20% sobre todos os produtos importados para os Estados Unidos, e de 60% a 100% sobre aqueles procedentes da China. 

O objetivo naquela época era compensar financeiramente os cortes de impostos que ele também queria implementar durante seu mandato. 

Mas desde que ganhou as eleições, o tom mudou. 

Em vez de uma ferramenta para compensar a queda nas receitas fiscais, as tarifas se tornaram, como foram durante seu primeiro mandato, uma arma que ele usa para forçar negociações e obter concessões. 

Donald Trump explicou que as tarifas foram uma resposta à incapacidade de seus vizinhos de impedir o fluxo de drogas, particularmente fentanil, e de migrantes para os Estados Unidos. 

Seu indicado para o cargo de secretário do Comércio, Howard Lutnick, chamou isso de "ato de política interna" durante sua audiência no Senado.

"As tarifas são simplesmente projetadas para forçá-los a fechar suas fronteiras", ele insistiu. "Esta é uma tarifa especial, criada para incentivá-los a agir". 

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, estava bastante otimista na quarta-feira: "Não achamos que isso vá acontecer, honestamente. E se acontecer, também temos nosso plano."

Trump e guerra comercial: "Se movem rápido"

Isso não alivia a preocupação, principalmente para o setor agrícola, que exporta grande parte de seus produtos para os Estados Unidos. 

"Quase 80% das nossas exportações vão para os Estados Unidos e, de qualquer forma, qualquer coisa que possa causar um choque é motivo de preocupação", disse Juan Cortina, presidente do Conselho Nacional Agropecuário do México, à AFP na terça-feira. 

Do lado canadense, a possibilidade de tarifas serviu para acentuar a crise política que já corroía o governo do primeiro-ministro, Justin Trudeau, que acabou renunciando. 

O ministro da Segurança Pública do Canadá, David McGuinty, esteve em Washington na quinta-feira para esboçar um plano para fortalecer a segurança na fronteira entre Canadá e Estados Unidos. 

Howard Lutnick foi muito claro na terça-feira: "Sei que eles se movem rápido", disse, referindo-se aos dois países. "Se fizerem a coisa certa, não haverá tarifas".

A situação lembra as tensões entre Washington e Bogotá no último fim de semana, quando a Colômbia inicialmente se recusou a permitir que aviões militares com migrantes expulsos pousassem. 

Donald Trump anunciou então uma série de sanções, incluindo tarifas de 25% que subiriam para 50%, às quais seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, respondeu com retaliações, antes de ambos chegarem a um acordo sobre as modalidades de retorno dos migrantes.

Erwan LUCAS/AFP

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