O que se sabe sobre as queimadas em São Paulo

Autor DW Tipo Notícia

Polícia Federal investiga possível ação criminosa, e quatro foram presos pela Polícia Civil de SP por iniciar focos de incêndio. Baixa umidade, ventos fortes e calor agravaram situação.Os incêndios florestais que atingem o estado de São Paulo desde quinta-feira (22/08) mataram pelo menos duas pessoas, cerca de 200 animas, e fizeram 800 deixar suas casas, de acordo com dados do governo estadual. As vítimas eram dois funcionários de uma fábrica na cidade de Urupês que tentaram combater o fogo. Mais de 20 mil hectares já queimaram (o equivalente a 20 mil campos de futebol), e 48 cidades do interior de São Paulo estão em alerta máximo para o risco de novos incêndios, de acordo com a Defesa Civil. Entre as áreas afetadas, está um assentamento com um acampamento anexo, onde 360 famílias moram, entre as cidades de Guatapará e Pradópolis. Os focos estão localizados perto de Ribeirão Preto e, embora concentrados em áreas rurais, sobretudo em canaviais, muita fumaça cobriu o céu das cidades próximas e se alastrou em direção à região central do país, chegando a cidades como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 3.482 focos de incêndio no estado em agosto. Esse número é quase dez vezes maior que o registrado no mesmo mês do ano passado. Esse é o pior agosto desde o início das medições em 1998. Os focos estão localizados perto de Ribeirão Preto e se intensificaram em dois dias, concentrados em lavouras de cana-de-açúcar. As origens das chamas estão sendo investigadas. Além do rastro de destruição, muita fumaça se alastrou em direção à região central do país, atingindo oito estados e o Distrito Federal. Cidades como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte amanheceram sob névoa no domingo. PF acionada O governo federal informou que acionou a Polícia Federal (PF) para investigar a possível origem criminosa das queimadas. A PF abriu dois inquéritos no domingo (25/08) para apurar a suspeita. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou no domingo que o governo considera a hipótese de ter sido uma ação similar ao "dia do fogo" – referência a 10 de agosto de 2019, quando grileiros e produtores rurais fizeram um movimento coordenado para incendiar áreas da Floresta Amazônica. "Há uma forte suspeita de que está acontecendo de novo", afirmou Silva, na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília. "Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em dois dias tenha diversas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios", reforçou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também compareceu à sala de situação montada há dois meses no Prevfogo para acompanhar os focos de incêndio no país. Ele garantiu recursos e ações do governo federal para conter as chamas. Investigações Ao lado da ministra, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou a existência de 31 inquéritos para apurar condutas criminosas ligadas aos incêndios florestais na Amazônia e mais 20 relacionadas ao Pantanal, além das duas investigações abertas para apurar a situação em São Paulo. "Mobilizamos as nossas 15 delegacias espalhadas pelo interior [de SP] para que a gente possa identificar essa questão que envolve essas queimadas no estado." Rodrigues também explicou que o governo dispõe de ferramentas que permitem retroceder as imagens de satélite, até a identificação da origem dos focos de calor, o que deve auxiliar em grande medida as investigações. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a Polícia Civil de São Paulo analisa vídeos e imagens que circulam nas redes sociais mostrando possíveis autores. Até o momento, quatro homens foram presos suspeitos de iniciar focos de incêndio, mas não há evidência de relação entre eles. O primeiro caso, no sábado, foi de um homem de 76 anos suspeito de atear fogo em lixo em São José do Rio Preto. No domingo, foi a vez de um homem de 41 anos, flagrado por um morador colocando fogo em uma mata. De acordo com policiais, o celular do suspeito tinha vídeos de incêndios armazenados na galeria de imagens —inclusive dele comemorando outras queimadas. As outras duas prisões aconteceram nas cidades de Batatais e Guaraci. Fumaça e partículas no ar O tempo seco foi um dos fatores que ajudaram a proliferação das queimadas, com índice de umidade abaixo dos 20%. O vento e as altas temperaturas agravaram a situação. Nesta segunda-feira (26/08), os focos de incêndio pararam de avançar, com a ajuda da chuva e de uma força-tarefa do estado para controlar as chamas, mas as cidades na região atingida seguem sob alerta e lidam com os prejuízos deixados pelo fogo. Em Ribeirão Preto, a qualidade do ar chegou ao índice péssimo, com concentração recorde de partículas no sábado, mas houve uma melhora no domingo. Prejuízos Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, em boletim divulgado nesta segunda-feira (26/08), as queimadas representaram um prejuízo de R$ 1 bilhão para a economia do estado. As áreas mais afetadas foram as de criação de gado, produção de cana-de-açúcar, de frutas, seringueiras e apicultura. O governo do estado deve colocar à disposição R$ 110 milhões para ajudar os produtores da região, conforme informou a secretaria. sf/jps(ABr, AP, ots)

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