Famílias de jornalistas do Equador assassinados denunciam responsabilidade do Estado
Familiares de uma equipe do jornal equatoriano El Comercio sequestrada e assassinada em 2018 na Colômbia denunciaram, nesta sexta-feira (17), a responsabilidade do Estado no caso, após apresentarem informações do governo que tiveram o sigilo suspenso.
"Com o que temos, acho que a responsabilidade do Estado é evidente. Imaginem com o restante de informação que nos falta" sobre a morte da equipe, disse, em entrevista coletiva, Ricardo Rivas, irmão do fotógrafo Paúl Rivas, ao analisar documentos entregues pelo Executivo após uma decisão da Corte Constitucional.
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As famílias denunciaram que faltam informações oficiais e que "atas mutiladas" provam "de forma clara as omissões e a inépcia do governo do ex-presidente equatoriano Lenín Moreno. As atas mostram os erros na negociação para resgatar os jornalistas".
Em um caso que comoveu o Equador, Paúl Rivas foi sequestrado em 26 de março de 2018 juntamente com o jornalista Javier Ortega e o motorista Efraín Segarra por dissidentes da extinta guerrilha das Farc, quando a equipe fazia uma reportagem na turbulenta fronteira com a Colômbia. O múltiplo assassinato foi confirmado pelo governo equatoriano em 13 de abril daquele ano e os corpos foram resgatados dois meses depois, no lado colombiano.
"Eles estavam claramente mais preocupados em justificar suas ações do que ver o que realmente ocorreu para se chegar ao assassinato", disse Rivas, referindo-se aos membros do Conselho de Segurança de então, liderado por Moreno (2017-2021). Entre o material desclassificado, há mais de 40 páginas de diálogos entre funcionários e três áudios.
"As irregularidades saltam aos olhos. É como se de repente uma declaração fosse cortada ou se fossem entregues algumas poucas folhas de uma ata na qual o único ponto tem a ver com o caso", disse Mauricio Alarcón, advogado das famílias, acrescentando que "a sentença da Corte Constitucional não foi cumprida" porque faltam certas atas, transcrições e áudios das reuniões reservadas do Conselho de Segurança para discutir o caso.
As famílias vão pedir ao tribunal que prossiga com o cumprimento da sua decisão, e pediram uma reunião com a ministra do Interior, Mónica Palencia, para expressar sua preocupação com a ausência de mais dados sobre o assassinato da equipe de jornalismo.
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