Militar condenado por tortura e assassinato se suicida para evitar prisão

O brigadeiro foi condenado pela participação na tortura e assassinato do cantor e compositor Víctor Jara, em 1973

O brigadeiro reformado do Exército chileno Hernán Carlos Chacón Soto, um dos sete oficiais condenados na segunda-feira pelo Supremo Tribunal do Chile a 25 anos de prisão por participação na tortura e assassinato do cantor e compositor Víctor Jara, em 1973, suicidou-se nesta terça-feira, 29, momentos antes de ser preso e transferido ao presídio de Puntateuco para começar a cumprir sua pena.

Segundo a imprensa local, unidades da seção de direitos humanos das forças de segurança chilenas apareceram pela manhã em sua casa, na comuna de Las Condes, na capital, para prendê-lo. Ao recebê-las, o oficial de 86 anos pediu para tomar alguns remédios. Nesse momento, segundo o procurador Claudio Suazo, ele se matou usando uma arma de fogo.

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A defesa de Chacón Soto sustentou ao longo do processo que o oficial era, naqueles dias de repressão brutal após o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet e outros comandantes superiores, um simples major do Exército que cumpria apenas a função de guardar o perímetro externo do Estádio Nacional do Chile, em Santiago.

No entanto, a sentença afirma que ele tinha conhecimentos táticos e de inteligência. O texto sustenta que Chacón participou da seleção e interrogatório dos 5 mil presos que foram transferidos para o estádio após o sangrento golpe contra Salvador Allende. A ditadura instaurada em 11 de setembro de 1973 durou 17 anos e deixou 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Segundo a decisão, o brigadeiro participou da seleção de quem seria separado para ser levado para interrogatório e, por fim, "do destino final destes, sendo de toda evidência que dentro do Estádio Nacional havia uma ordem imposta pela estrutura rígida do comando existente".

Filiado ao Partido Comunista, Jara foi preso dentro da Universidade Técnica do Estado, onde trabalhava como professor, e levado ao estádio onde foi torturado por vários dias. Ele tinha 40 anos quando foi crivado de 44 balas.

Autor de canções como "Lembro-me de você Amanda", "O direito de viver em paz" e "Manifesto", Jara é considerado um símbolo da chamada Nova Canção Chilena, movimento musical e social da década de 60 e 70.

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No mesmo caso, os juízes condenaram os sete ex-militares também pelo assassinato e sequestro do ex-diretor penitenciário Littré Quiroga. Seu corpo, também com sinais de tortura, foi encontrado ao lado do de Víctor Jara, em um terreno próximo de uma ferrovia, nos arredores de Santiago.

"Na ocasião, (Chacón Soto) portava uma pistola Steyr calibre 9 milímetros, armas totalmente condizentes com a descrição técnica dos ferimentos que, segundo os registros forenses, causaram a morte de Víctor Jara Martínez e Littré Quiroga", concluiu. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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CHILE/MILITAR/TORTURA/CONDENADO/SUICÍDIO

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