Jenni Hermoso desmente Rubiales e campeãs mundiais ameaçam não voltar à seleção espanhola

A jogadora da seleção espanhola Jenni Hermoso negou, nesta sexta-feira (25), ter consentido no beijo do presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, que se recusou a renunciar pela polêmica provocada por seu ato durante uma assembleia extraordinária da entidade.

Enquanto isso, as campeãs mundiais disseram que se recusam a voltar a jogar pela seleção se "os atuais dirigentes continuarem".

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"Quero esclarecer que tal como foi visto nas imagens, em nenhum momento consenti no beijo que me foi dado" por Rubiales, afirmou a jogadora em um comunicado publicado pelo sindicato Futpro na plataforma X, antigo Twitter.

"Não tolero que minha palavra seja questionada e muito menos que sejam inventadas palavras que eu não disse", acrescentou Hermoso no comunicado assinado por quase 80 jogadoras e ex-jogadoras de futebol, incluindo as 23 campeãs mundiais.

O desmentido de Hermoso e suas companheiras ocorre horas depois de Rubiales se recusar a pedir demissão na assembleia geral extraordinária da RFEF.

"Não vou renunciar, não vou renunciar", repetiu Rubiales na sessão.

O presidente da RFEF pediu "perdão sem paliativos" por seu comportamento na final da Copa do Mundo vencida pela Espanha e admitiu ter-se "equivocado" no beijo em Hermoso - embora tenha se referido a ele como "espontâneo, mútuo, eufórico e consentido".

O dirigente de 46 anos passou a ser criticado por diversos setores da sociedade ao segurar com as duas mãos a cabeça de Jennifer Hermoso, camisa 10 da seleção feminina espanhola, e surpreendê-la com um beijo na boca durante a entrega de medalhas após a vitória da Espanha sobre a Inglaterra por 1-0.

As imagens rodaram o mundo junto com as de seus gestos segurando os genitais a poucos metros da Rainha Letizia.

Pouco depois da difusão do beijo, em um vídeo divulgado no Instagram e gravado no vestiário, Jennifer Hermoso comentou: "Não gostei, eca!", referindo-se ao episódio.

"É para eu sair daqui por causa de um selinho consentido?", questionou Rubiales.

O dirigente atacou "o falso feminismo que não busca a verdade", dirigindo-se a três ministras do governo espanhol, incluindo a número três do Executivo, Yolanda Díaz, que foi uma das primeiras a exigir sua renúncia.

"Essas pessoas que estão tentando me assassinar publicamente, vou me defender", afirmou, atacando também o presidente da La Liga, Javier Tebas, com quem tem anos de desentendimentos.

Diante da intransigência de Rubiales, o presidente da Federação Navarra de Futebol, Rafael del Amo, apresentou sua demissão como presidente do Comitê Nacional de Futebol Feminino da RFEF.

Assim como ele, diversos presidentes de federações territoriais renunciaram aos seus cargos na RFEF.

Rubiales surpreendeu com sua decisão de resistir, quando sua saída era tida como certa após as críticas que se acumularam ao longo da semana em todas as esferas sociais e que levaram a Fifa a abrir um processo disciplinar, embora a Uefa, da qual é um dos seus vice-presidentes, permanece em silêncio.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, e seu ministro da Cultura e Esportes, Miquel Iceta, censuraram o gesto de Rubiales, pedindo que fosse além de um simples pedido de desculpas que muitos consideraram forçado.

"Compreendo a grande comoção que se criou, já pedi perdão pelo gesto que me parece muito infeliz, e a questão do beijo que já disse é livre, é mútua, consentida, mas devo pedir desculpas pelo contexto em que ocorreu, não estou fora do mundo e sei que errei", reiterou nesta sexta-feira.

Até o momento, três queixas foram apresentadas ao Conselho Superior do Esporte (CSD, na sigla em espanhol), que pretende enviá-las ao Tribunal Administrativo do Esporte (TAD).

"Hoje já posso anunciar que vamos levar ao TAD uma denúncia por uma falta gravíssima", disse nesta sexta-feira à Cadena Ser o presidente do CSD, Víctor Francos, mostrando-se "surpreso" com a decisão do dirigente.

O Ministério Público enviou uma denúncia por "um suposto crime de agressão sexual" para a Audiência Nacional, principal instância penal na Espanha, que deve estudar se irá admiti-la para processamento.

"Vergonha alheia", escreveu em suas redes sociais o ex-goleiro da seleção espanhola Iker Casillas, que se retirou da disputa das últimas eleições da Federação, vencidas por Rubiales em 2020.

A ganhadora de dois prêmios Bola de Ouro, Alexia Putellas, também reagiu ao caso. "Isso é inaceitável. Acabou. Estou com você, companheira Jenni Hermoso", disse nas redes sociais, assim como as jogadoras Cata Coll e Aitana Bonmatí, entre outras.

Já o atacante do Betis Borja Iglesias anunciou que não vai "retornar à Seleção Nacional até que as coisas mudem e este tipo de ato não fique impune".

A companhia aérea Iberia, patrocinadora da RFEF, também pediu "medidas para preservar a dignidade" das jogadoras de futebol.

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