Sandra Torres põe em dúvida a transparência do segundo turno na Guatemala
A candidata presidencial Sandra Torres pôs em dúvida, nesta quinta-feira (18), a transparência do segundo turno de domingo na Guatemala, ao afirmar que estrangeiros e partidários de seu rival, Bernardo Arévalo, podem alterar o sistema de computação dos votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
"Nós colocamos em dúvida esse processo eleitoral, nos preocupa muitíssimo qualquer alteração de dados", declarou a ex-esposa do mandatário social-democrata Álvaro Colom (2008-2012), já falecido, em uma coletiva de imprensa anterior ao encerramento de sua campanha.
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Torres também insinuou que o TSE e os observadores eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA) favorecem o partido Semilla de Arévalo, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
"O Tribunal Supremo Eleitoral é imparcial, é objetivo, ou é do Semilla?", questionou a candidata da Unidade Nacional da Esperança (UNE), de ideologia social-democrata como seu rival.
"Não posso confiar em um sistema onde há digitalizadores afiliados a outro partido", acrescentou Torres, que enfrenta o seu terceiro segundo turno consecutivo. Ela já havia perdido para Jimmy Morales (2016-2020) e para o atual mandatário, Alejandro Giammattei.
"Peço à OEA que dê mostras de que não está favorecendo nenhum partido político", exigiu a ex-primeira-dama.
"O que nós estamos pedindo são eleições honestas", "hoje está em risco a democracia, porque querem nos roubar as eleições", acrescentou.
Pouco depois, Torres encerrou sua campanha diante de centenas de seguidores em La Terminal, um popular mercado da capital, onde disse que Arévalo é um "candidato uruguaio" e não guatemalteco.
Seu rival nasceu em Montevidéu em 1958 durante o exílio de seu pai, o ex-presidente reformista Juan José Arévalo (1944-1951), após a deposição de seu sucessor, Jacobono Árbenz em 1954.
"Não vamos permitir que influenciem nossas crianças com ideologias raras e estrangeiras [...], que implementem agendas estrangeiras em seu país", disse Torres, que foi alvo dessas mesmas acusações em suas duas campanhas anteriores por parte de políticos de direita.
Torres repetiu os argumentos do questionável promotor Rafael Curruchiche, que tentou inabilitar o partido Semilla, justificando irregularidades em sua inscrição como partido em 2017 e 2018, com o aparente objetivo de tirar Arévalo do segundo turno.
"Em meu partido não há falsas [afiliações] e nem ressuscitamos mortos para que se afiliem à UNE, como aconteceu com o outro partido político", acusou a ex-primeira-dama.
Além disso, assegurou que Arévalo pretende legalizar o aborto e o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, algo que o candidato nega.
"Fizemos uma campanha de defesa da família sendo consistentes de que o aborto e o matrimônio entre dois homens e duas mulheres não têm a ver conosco", apontou a candidata da UNE.
Mais de nove milhões de guatemaltecos estão aptos a votar no domingo para escolher o seu novo presidente em meio a altos níveis de corrupção, violência e pobreza.
"Sendo concreto e objetivo, considero que Sandra Torres tem mais experiência e a outra pessoa não tem", apontou à AFP Josué Ordóñez, de 36 anos, um advogado presente no ato político de Torres.
"O povo precisa de uma pessoa que seja do povo e para o povo; quando ela foi primeira-dama nos deu esse apoio", disse Lorena Morales, dona de casa de 72 anos de Mixco, município próximo à capital.
Arévalo encerrou sua campanha na quarta-feira, quando evocou a "primavera" democrática de 1944-1954 iniciada por seu pai e continuada por Árbenz.
O vencedor do segundo turno tomará posse em 14 de janeiro de 2024.
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