EUA, Japão e Coreia do Sul enviam mensagem de unidade frente à China
Joe Biden recebeu, nesta sexta-feira (18), os líderes do Japão e da Coreia do Sul em Camp David para uma cúpula que ele descreveu como "histórica" e na qual enviou uma mensagem de unidade em relação à China.
Na bucólica residência presidencial, Biden elogiou a "coragem política" do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, e do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, por deixarem para trás animosidades históricas.
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"Sua liderança, com total apoio dos Estados Unidos, nos trouxe aqui porque cada um de vocês compreende que nosso mundo está em uma encruzilhada", declarou o presidente americano em uma coletiva de imprensa conjunta em Camp David, nos arredores de Washington.
Biden enfatizou que a cúpula não era direcionada contra a China, que sob a presidência de Xi Jinping tem dado sinais de agressão, inclusive com manobras próximas a Taiwan, uma ilha com governo próprio que Pequim deseja controlar, se necessário, pela força.
No entanto, em uma declaração conjunta, os três líderes expressaram oposição ao "comportamento perigoso e agressivo" da China em disputas marítimas no Mar da China Oriental e Meridional.
"Nos opomos firmemente a qualquer tentativa unilateral de alterar o status quo nas águas do Indo-Pacífico", afirmaram.
Os dois aliados dos Estados Unidos concordam em muitos temas internacionais - e juntos abrigam cerca de 84.500 tropas americanas -, mas uma cúpula desse tipo teria sido impensável até recentemente, devido ao legado da ocupação japonesa da península coreana entre 1910 e 1945.
No entanto, Yoon, assumindo riscos políticos em seu país, virou a página ao resolver uma disputa sobre trabalho forçado durante a guerra, e agora chama o Japão de parceiro em um momento de tensões significativas tanto com a China quanto com a Coreia do Norte.
Yoon aposta em uma "visão de futuro" e classificou a cúpula como um "dia histórico" por fornecer uma "base institucional sólida" para a relação entre as três nações.
Os três líderes concordaram com um plano plurianual de exercícios militares regulares em todas as áreas, além dos simulacros pontuais em resposta à Coreia do Norte, e formalmente se comprometeram a consultar uns aos outros em caso de crise.
Eles também concordaram em compartilhar dados em tempo real sobre a Coreia do Norte e em realizar cúpulas anuais.
É a primeira vez que os líderes dos três países se encontram em uma cúpula independente e o primeiro ato diplomático desde 2015 em Camp David, um local que é sinônimo de paz no Oriente Médio.
Como era de se esperar, Pequim se opõe a esse novo diálogo. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, deixou isso claro recentemente.
"Não importa o quanto você pinte seu cabelo de loiro ou afine o nariz, você nunca pode se tornar europeu ou americano, nunca pode se tornar ocidental", declarou ele em referência a Seul e Tóquio em um vídeo compartilhado nos meios oficiais. "Devemos saber onde estão nossas raízes", acrescentou.
O chanceler chinês também instou a China, a Coreia do Sul e o Japão a "trabalharem juntos".
Também houve um aumento nas tensões com a Coreia do Norte, que lançou uma série de mísseis nos últimos meses, e há o temor de que possa responder à cúpula com novas ações desse tipo.
A declaração conjunta dos líderes renovou o apelo à Coreia do Norte para que abandone suas armas nucleares e instou todas as nações a fazer cumprir as sanções.
Os assuntos debatidos na cúpula não ficaram restritos à Ásia.
Tóquio e Seul ofereceram um forte apoio à Ucrânia como principais potências não ocidentais contra a invasão russa.
A cúpula busca institucionalizar a cooperação trilateral para tornar mais difícil reverter no futuro, por exemplo, se um presidente sul-coreano hostil ao Japão for eleito.
Para surpresa de muitos observadores, a aproximação de Yoon ao Japão provocou algumas manifestações de protesto no país.
Yoon, um conservador, rapidamente se tornou um aliado próximo dos Estados Unidos, e Biden o recebeu em uma visita de Estado na qual o líder sul-coreano encantou a plateia cantando "American Pie". No entanto, Yoon só pode cumprir um mandato que termina em 2027.
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