Ex-diretor de empresa de alimentos argentina é preso por crimes na ditadura

Um ex-gerente de uma empresa de alimentos da Argentina foi preso em um caso que investiga o sequestro e desaparecimento de 23 trabalhadores durante a ditadura militar no país (1976-1983), informou nesta quarta-feira (5) o órgão humanitário denunciante.

Trata-se de Emilio Parodi, 82 anos, gerente de Recursos Humanos da empresa Molinos Río de La Plata até a década de 1990. Sobreviventes e familiares de vítimas o acusam de ter fornecido ao regime uma lista de trabalhadores que lutavam por melhorias trabalhistas. Mais tarde, eles foram sequestrados em uma das unidades da empresa em Avellaneda.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Parodi negou ter facilitado o sequestro de trabalhadores em operações dentro e fora da fábrica. O juiz tem dez dias úteis para resolver a situação do ex-gerente, que permanecerá em prisão domiciliar, segundo uma fonte da Justiça.

Parodi foi preso ontem em sua residência, por ordem do juiz federal Ernesto Kreplak, que investiga a responsabilidade de empresários em crimes contra a humanidade, informou o Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), demandante no caso desde 2014.

"Parodi é o primeiro civil do Grupo Bunge & Born investigado por crimes contra a humanidade. Ele é acusado pelo sequestro de 23 trabalhadores", tuitou o CELS.

Fundada em 1902, a Molinos Río de La Plata integrou o poderoso grupo agroalimentar Bunge & Born até 1999, quando a empresa foi vendida para o grupo Pérez Companc.

A causa teve início em 2013, com uma denúncia de filhos de trabalhadores desaparecidos. Em 2019, a promotoria pediu a investigação de executivos da empresa.

Desde a retomada da democracia, em 1983, 1.168 pessoas, entre elas 200 civis, foram condenadas em 322 julgamentos por crimes contra a humanidade, segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos.

Esta não é a primeira vez que a Justiça argentina leva ao banco dos réus diretores de empresas acusados de cumplicidade na ditadura. Em dezembro de 2018, dois ex-executivos da Ford foram condenados por terem sido "partícipes necessários" na prisão ilegal de 24 trabalhadores de sua fábrica com ativismo sindical entre 1976 e 1977, que estão desaparecidos.

Cerca de 30.000 pessoas desapareceram na última ditadura argentina, segundo órgãos de direitos humanos.

ls/db/lb

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

justiça Argentina empresas direitos ddhh ditadura

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar