Novos protestos na França antes da adoção da reforma da Previdência

A França vive um novo dia de protestos nesta quarta-feira (15) contra a impopular reforma da Previdência do presidente liberal Emmanuel Macron, que parece prestes a ser aprovada, apesar de semanas de contestação.

O oitavo dia de protestos organizados pelos sindicatos coincide com a reunião entre sete deputados e sete senadores para chegar a um texto único para a reforma, passo fundamental para sua possível aprovação na quinta-feira.

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"É um dia importante para derrotar esta reforma injusta. A mobilização dos trabalhadores deve interpelar os deputados. Sejamos numerosos nas ruas", tuitou Laurent Berger, líder do sindicato CFDT.

Dois em cada três franceses se opõem ao plano de Macron de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir com 43 anos (e não 42, como agora) para receber uma aposentadoria completa.

Apesar da grande mobilização - no dia 7 de março, entre 1,28 milhão e 3,5 milhões de pessoas se manifestaram - o governo se mantém firme em seu plano que busca, em sua opinião, evitar um déficit futuro no caixa das pensões.

Além disso, desde a semana passada, os sindicatos iniciaram uma greve prorrogável em setores-chave como energia e transporte, e cujo reflexo mais espetacular são as toneladas de lixo acumuladas nas ruas de Paris.

No entanto, o protesto perdeu força nos últimos dias, à medida que se aproxima a fase da adoção da reforma e os franceses têm cada vez mais certeza de que ela será aplicada (80%, segundo pesquisa recente da Elabe).

A polícia calcula que entre 650.000 e 850.000 manifestantes devem sair às ruas nesta quarta-feira.

Embora o serviço ferroviário e o transporte público em Paris continuem prejudicados, o ministro dos Transportes, Clément Beaune, descartou um "dia sombrio".

Apenas 20% dos voos foram cancelados no aeroporto de Orly. No setor da energia, mais mobilizado, foram registradas novas quedas na produção de energia elétrica e prosseguiu o bloqueio dos transportes de combustíveis na maioria das refinarias. Os quatro terminais de GNL (gás natural liquefeito) continuam em greve.

Todos os olhares e pressões estão voltados para o Parlamento. A aprovação de um texto conjunto nesta quarta-feira pela comissão mista de 14 senadores e deputados é dada como certa. O partido governista e a oposição de direita favorável ao texto estão em maioria.

"Temos uma responsabilidade: preservar o sistema de divisão", disse o deputado pró-governo Philippe Vigier antes do início da reunião. Na França, os trabalhadores ativos pagam a pensão dos aposentados.

No entanto, paira a incerteza sobre se o projeto de lei resultante obterá a maioria necessária na quinta-feira na Assembleia Nacional (câmara baixa). O Senado (câmara alta) também deve dar sua aprovação final nesse mesmo dia.

Alguns deputados de grupos favoráveis, como o direitista Aurélien Pradié, anunciaram que não vão votar por enquanto.

De acordo com a senadora socialista Monique Lubin, o governo está cedendo a "quase todas" as reivindicações da direita para conseguir o maior número de apoios na Assembleia.

O Executivo espera não ter que ativar outro procedimento parlamentar controverso na Assembleia para adotar essa reforma fundamental para o restante do segundo mandato de Macron, que vai até 2027.

Conhecido como 49.3, este mecanismo permite que o governo aprove o trâmite na Assembleia sem submeter a reforma à votação. A única forma de impedir sua adoção é os deputados apresentarem e aprovarem uma moção de censura contra o governo.

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França aposentadoria política parlamento manifestação greve

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