Honduras anuncia que estabelecerá relações diplomáticas com a China

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou que promoverá a abertura de relações "oficiais" com a China, sem especificar se isso implicará uma ruptura dos laços tradicionais com Taiwan, que pediu ao país da América Central para não cair na "armadilha" de Pequim.

Em sua conta no Twitter, a presidente afirmou na terça-feira que "instruiu o chanceler Eduardo Reina para que trabalhe na abertura de relações oficiais com a República Popular da China".

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A presidente acrescentou que isto "mostra" sua "determinação para cumprir o Plano de Governo e expandir as fronteiras com liberdade no concerto das nações do mundo".

"Buscaremos estabelecer as relações diplomáticas mais cordiais e amistosas com a República Popular da China e com as comunidades de países asiáticos e africanos que desejem ter relações conosco", afirma o plano de governo de Castro.

A China celebrou nesta quarta-feira "a pertinente declaração da parte hondurenha", segundo porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

"A China está disposta a desenvolver relações amistosas e de cooperação com Honduras e outros países do mundo, com base no princípio de uma só China", afirmou o porta-voz.

Ao mesmo tempo, o ministério das Relações Exteriores de Taiwan pediu ao país da América Central para "examinar com cuidado e não cair na armadilha da China e tomar a decisão errada de prejudicar a amizade de longa data entre Taiwan e Honduras".

Na manhã desta quarta-feira, o embaixador de Honduras em Taipé, Harold Burgos, compareceu ao ministério taiwanês das Relações Exteriores. Nenhuma parte se pronunciou oficialmente sobre o encontro.

Sob o princípio de "uma só China" de Pequim, nenhum país pode manter relações diplomáticas oficiais simultâneas com a China e Taiwan.

O governo da China considera Taiwan parte de seu território e promete retomá-la um dia.

Em 2 de fevereiro, Reina anunciou tratativas com a China, mas para construir uma represa hidroelétrica.

"O que estamos buscando, nesta visão de criar mais capacidades energéticas para o país, é que a China financie (a represa) Patuca II", disse na época Reina, negando as versões de que seu país estabeleceria relações com Pequim.

Reina se reuniu em 1º de janeiro com o vice-chanceler chinês, Xie Feng, em Brasília, à margem da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com um crédito de cerca de 300 milhões de dólares, a China financiou a represa Patuca III, inaugurada em janeiro de 2021 pelo então presidente Juan Orlando Hernández.

Em 27 de janeiro de 2022, o vice-presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, compareceu à posse de Castro. Pouco depois, Reina anunciou a continuidade das relações com Taiwan.

O analista hondurenho Raúl Pineda disse à AFP que o tuite de Castro "não esclarece que tipo de relações" seriam e caso sejam "diplomáticas, isto vai gerar um rompimento com Taiwan e um distanciamento com os Estados Unidos".

"Atualmente, as relações China-EUA estão muito tensas. Desse ponto de vista, seria uma decisão muito infeliz do governo Castro", acrescentou.

Alexander Huang, analista político da Universidade Tamkang de Taipé, considera que Taiwan tem recursos limitados para resistir ao poderio da China no campo diplomático.

Estados Unidos e China consideravam que tinham uma oportunidade para melhorar as relações, mas que o momento ficou para trás. Após um breve alívio nas tensões entre as duas potências, a situação piorou quando Washington detectou um suposto balão chinês de espionagem, o que provocou o cancelamento de uma visita do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim.

A América Latina tem sido um palco crucial das disputas entre Pequim e Taipé desde que se separaram em 1949, após a vitória das forças comunistas na guerra civil chinesa.

Alinhados com Washington, todos os países centro-americanos se mantiveram durante décadas ligados a Taiwan. Atualmente, somente Honduras, Guatemala e Belize mantêm laços com a ilha.

Costa Rica (em 2007), Panamá (2017), El Salvador (2018) e Nicarágua (2021) romperam com Taipé e se vincularam a Pequim, que há muitos anos trabalha para que os países diplomaticamente aliados à ilha mudem de lado.

Somente 14 países do mundo reconhecem Taiwan, incluindo Paraguai, Haiti e outras sete pequenas nações do Caribe e do Pacífico.

nl/yow/am/fp

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Honduras diplomacia China Taiwan política

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