Queda de Bakhmut deixaria caminho aberto para Rússia, alerta Zelensky

Autor AFP Tipo Notícia

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que a Rússia terá o "caminho aberto" para o leste da da Ucrânia se conquistar a cidade cercada de Bakhmut, da qual o grupo paramilitar russo Wagner afirma controlar a "parte leste".

"Entendemos que depois de Bakhmut eles iriam mais longe. Poderiam chegar a Kramatorsk, poderiam seguir para Sloviansk, seria um caminho aberto para os russos depois de Bakhmut", declarou Zelensky ao canal americano CNN.

Desde o verão do ano passado (hemisfério norte, inverno no Brasil), os russos tentam conquistar a localidade da bacia do Donbass, cenário da batalha mais violenta desde o início da invasão da Ucrânia há pouco mais de um ano.

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A resistência ucraniana e o elevado número de mortes dos dois lados não reduzem os esforços das tropas russas que, nas últimas semanas, avançaram em direção à cidade e parecem controlar os acessos norte, leste e sul de Bakhmut.

O ataque é liderado pelas tropas do grupo paramilitar Wagner, cujo fundador, Yevgueni Prigozhin, anunciou nesta quarta-feira o controle de "toda a parte leste" da cidade.

"As unidades do grupo Wagner tomaram toda a parte leste de Bakhmut, tudo que está ao leste do rio Bakhmutka", afirmou Prigozhin em uma gravação divulgada por sua assessoria de comunicação.

Em um relatório publicado na terça-feira, o Instituto para os Estudos da Guerra, um grupo de analistas americanos, afirmou que as tropas russas "certamente" haviam capturado a parte leste da cidade após uma "retirada controlada" dos ucranianos.

O presidente ucraniano, no entanto, declarou à CNN que as tropas do país estão determinadas a resistir na antiga localidade do setor de mineração, em grande parte destruída pela guerra.

"Tive uma reunião com o chefe de gabinete e os comandantes militares (...) e todos dizem que devemos permanecer firmes em Bakhmut", afirmou Zelensky, que no início da semana ordenou o envio de reforços à cidade.

"Claro, devemos pensar nas vidas de nossos soldados, mas devemos fazer o que possível enquanto recebemos armas, suprimentos. E nosso exército se prepara para a contraofensiva", acrescentou.

Embora o valor estratégico de Bakhmut seja objeto de debate, a cidade adquiriu grande importância simbólica devido às enormes perdas de ambos os lados após meses de batalha.

Moscou busca uma vitória emblemática que compense os reveses sofridos no fim do ano passado e que abra o caminho para a área da região do Donbass que ainda não controla.

"Esta cidade é um importante centro de defesa para as tropas ucranianas no Donbass. Capturá-la permitirá novas operações de ataque, entrando nas linhas de defesa das Forças Armadas da Ucrânia", disse o ministro da Defesa, Serguei Shoigu.

Kiev pretende resistir para desgastar ainda mais as forças russas antes de iniciar uma contraofensiva - depois de receber armamento pesado e tanques modernos prometidos pelo Ocidente.

Os ministros da Defesa da União Europeia se reunirão nesta quarta-feira em Estocolmo com seu colega ucraniano, Oleksiy Reznikov, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

O exército ucraniano enfrenta uma grave escassez de obuses de 155 mm para seus canhões, alertaram nas últimas semanas os aliados ocidentais.

O objetivo da reunião é preparar um plano de três fases de entregas de munições à Ucrânia para aprová-lo em 20 de março durante um encontro dos chefes da diplomacia dos 27 países do bloco.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu na terça-feira em um discurso no Parlamento do Canadá um "firme apoio militar e econômico" para a Ucrânia e que a Rússia pague "por seu crime de agressão".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chega a Kiev nesta quarta-feira para sua terceira visita desde o início da guerra. Ele pretende abordar com Zelensky a renovação do acordo com a Rússia para garantir as exportações de cereais.

Em outro tema vinculado ao conflito, a Ucrânia negou qualquer envolvimento na sabotagem de setembro dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, depois que o jornal The New York Times atribuiu o incidente a um "grupo pró-Ucrânia" com base em fontes do serviço de inteligência americano.

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