Cineasta espanhol Carlos Saura morre aos 91 anos

O cineasta Carlos Saura, considerado uma das grandes figuras da sétima arte espanhola, com mais de 50 filmes, morreu nesta sexta-feira (10), aos 91 anos, em sua residência nas montanhas de Madri, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha.

Saura "morreu hoje, em sua casa, aos 91 anos, cercado por seus familiares queridos", escreveu a Academia no Twitter, onde o descreveu como "um dos cineastas fundamentais da história do cinema espanhol".

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Nascido em 4 de janeiro de 1932, em Huesca, na comunidade autônoma de Aragão (nordeste), em uma família de artistas, Saura demonstrou uma "atividade incansável" e um "amor pelo ofício até o último momento", disse a Academia. Seu último filme, "As Paredes Falam" (2022), havia estreado na Espanha na sexta-feira passada.

O diretor morreu um dia antes de ser homenageado com o Prêmio Goya honorário pelo conjunto de sua obra na cerimônia de premiação do cinema espanhol que será realizada no sábado (11), em Sevilha.

A estatueta havia sido entregue ao cineasta dias antes de sua morte, em sua residência, informou a Academia, acrescentando que a premiação "irá comemorar a memória de um criador único".

As reações de pesar pela morte deste diretor, citado com frequência entre os grandes nomes do cinema espanhol, ao lado de Luis Buñuel e Pedro Almodóvar, não demoraram.

"Com Carlos Saura, morre uma parte importantíssima do cinema espanhol. Ele deixa uma obra indispensável para a reflexão profunda sobre os comportamentos do ser humano. Descanse em paz, amigo", tuitou o ator espanhol Antonio Banderas.

O chefe do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, o descreveu no Twitter como uma "figura fundamental da cultura espanhola", cujo "talento é e sempre será patrimônio cultural da nossa história graças a filmes inesquecíveis como 'Ai, Carmela!' ou 'A prima Angélica'".

Também a Casa Real espanhola e o primeiro-ministro português, António Costa, homenagearam Saura nas redes sociais.

"Carlos Saura, cineasta, fotógrafo, cenógrafo, artista completo, se foi. Prêmio Nacional de Cinematografia em 1980, sua carreira recebeu todos os prêmios imagináveis, e, sobretudo, o amor, o carinho e o reconhecimento de todas e todos que apreciam seus filmes", escreveu o ministro da Cultura, Miquel Iceta, no Twitter.

Uma de suas filhas, Anna, postou no Instagram uma foto ao lado do pai, com a legenda: "descanse em paz, obrigada por tanto".

Diretor de "Cría Cuervos", de 1975, uma alegoria à ditadura que sufocou seu país até aquele ano e que recebeu o prêmio do júri em Cannes, Saura passou do realismo social nas primeiras décadas de sua carreira para depois privilegiar, sobretudo, longas-metragens musicais.

Saura, que rodou no total 50 filmes, obteve seu primeiro grande reconhecimento internacional em 1966, ao ganhar o Urso de Prata à melhor direção, em Berlim, com "A caça".

Com estética sofisticada e um estilo que foi do lírico ao documental, Saura se concentrou nos males da sociedade e seus perdedores, mas depois do fim da ditadura de Francisco Franco (1939-1975), voltou suas lentes para suas outras paixões, a música e a dança.

Assim, produziu, nos anos 1980, sua trilogia flamenca: "Bodas de sangue" (1981), "Carmen" (1983, com uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro), e "El amor brujo" (1986), com o bailarino de flamenco Antonio Gades.

Também filmou odes de amor ao tango e ao fado, ao folclore argentino ou à 'jota' (dança popular de Aragão), mas sobretudo ao seu amado flamenco, tornando-se uma espécie de embaixador da cultura espanhola.

De qualquer forma, Saura disse, durante uma entrevista à AFP em 2016, que o reconhecimento em seu país chegou "com a velhice" e que se fosse pelo apoio recebido em sua terra natal, "só teria rodado um filme".

"Na Espanha, lida-se mal com o fato de alguém fazer o que tiver vontade... A palavra sucesso custa sangue", disse, lembrando as críticas, algumas duríssimas, recebidas por seus primeiros filmes.

Casado várias vezes e pai de vários filhos, Saura manteve um relacionamento com Geraldine Chaplin, sua musa, com quem teve um de seus muitos herdeiros.

bur-du/mg/avl/jc/yr/mvv/lb

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