Biden e Lula se apresentam como defensores da democracia e do meio ambiente

Os presidentes de Estados Unidos, Joe Biden, e Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se posicionaram, nesta sexta-feira (10), como guardiões dos valores democráticos e defensores do meio ambiente antes de uma reunião na Casa Branca, tendo como pano de fundo a sombra do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Juntos temos que seguir defendendo os valores democráticos que constituem o núcleo de nossa força, não apenas em nosso hemisfério, mas em todo o mundo", afirmou Biden pouco antes de entrar no Salão Oval para um encontro com seu par brasileiro.

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Biden reiterou "o apoio inabalável dos Estados Unidos à democracia brasileira e o respeito à livre escolha do povo brasileiro", quase um mês depois dos ataques de uma turba de bolsonaristas às sedes dos Três Poderes em Brasília.

Os atos trazem à memória o ataque ao Capitólio por simpatizantes do ex-presidente republicano Donald Trump, em janeiro de 2021, para tentar impedir a certificação da vitória de Biden nas urnas.

Bolsonaro viajou para os Estados Unidos às vésperas da posse de Lula e está na Flórida, onde iniciou os trâmites para solicitar um novo visto que permitiria sua permanência no país por vários meses, enquanto a Justiça brasileira investiga se ele incentivou ou não os ataques de 8 de janeiro.

Lula agradeceu a Biden o seu apoio depois que o país "passou quatro anos se automarginalizando", durante o mandato de Bolsonaro, que "não gostava de manter relações com nenhum país".

"O mundo dele começava e terminava com fake news: de manhã, de tarde, e de noite", afirmou o presidente brasileiro, que ressaltou para seu anfitrião que ambos têm problemas a resolver. "Nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio. E que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil", em referência às invasões de 8 de janeiro.

Além disso, destacou a necessidade de "trabalhar juntos no combate à desigualdade, [sobre] a questão racial" e a crise climática, acrescentou.

"Nos últimos anos, a Amazônia foi invadida pela irracionalidade política e humana", mas o governo Lula vai "fazer um esforço muito grande para transformar a Amazônia não em um santuário da humanidade, mas num centro de pesquisa compartilhada com o mundo inteiro".

Brasil e Estados Unidos, as duas maiores democracias das Américas, estão em sintonia frente aos desafios globais, "especialmente a crise climática", coincidiu Biden, embora não tenha confirmado se seu país contribuirá para o Fundo Amazônia, um mecanismo financeiro multilateral criado em 2008 e administrado pelo Brasil para combater o desmatamento.

Lula prometeu acabar com o desmatamento da Amazônia até 2030. Em janeiro passado, já com Lula na Presidência, o desmatamento caiu 61% em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados oficiais publicados nesta sexta-feira.

O presidente brasileiro advertiu que o seu país vai "levar muito a sério essa questão do clima" porque "uma árvore de 300 anos não tem proprietário. Ninguém pode derrubá-la. É um patrimônio da humanidade. Ela está lá para garantir a subsistência do planeta".

Aproveitando a ocasião, grupos indígenas, ambientalistas e da sociedade civil publicaram uma carta aberta dirigida a Lula e Biden na qual insistem em que a proteção da Amazônia e o combate às mudanças climáticas "só é possível com direitos humanos e combatendo o racismo ambiental".

Mas a boa sintonia entre Biden e Lula se dilui quando o tema é a guerra na Ucrânia.

Biden lidera as iniciativas ocidentais para apoiar Kiev, convencido de que é necessário fornecer ajuda diplomática, armas e treinamento militar para que a Ucrânia lute contra a Rússia, que invadiu seu território.

Mas o Brasil, ao lado de outros países emergentes como Índia e África do Sul, e alguns latino-americanos como Argentina, Colômbia ou México, é relutante a enviar armas ao país.

"O Brasil não tem contencioso com ninguém, é um país em que o povo gosta de paz, de democracia, de trabalhar, de carnaval, de samba e de muita alegria. É esse o Brasil que nós estamos tentando recolocar no mundo", disse Lula.

De fato, Lula é favorável à criação de um grupo de países que se sentem à mesa com Ucrânia e Rússia para tentar conseguir a paz.

Lula falou sobre isso com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o chefe de governo alemão, Olaf Scholz e, além de Biden, provavelmente conversará sobre o assunto com o presidente chinês, Xi Jinping, durante uma visita a Pequim, em março.

Antes do encontro com Biden, Lula se reuniu com vários congressistas democratas, incluindo o senador Bernie Sanders, com representantes da AFL-CIO, a principal confederação sindical dos Estados Unidos, que lhe concedeu um prêmio de direitos humanos quando o ex-líder sindical estava preso. No sábado, ele retorna ao Brasil.

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