Acampamentos de deslocados acolhem sobreviventes do terremoto na Síria
Depois de perder sua família e sua casa no devastador terremoto que atingiu Turquia e Síria, Duaa al Ghadban encontrou abrigo em um campo de deslocados no norte sírio.
Em um pequeno cômodo de concreto com teto de lona, a jovem chora inconsolavelmente e beija a tela de seu celular, na qual se vê a foto de um de seus filhos, morto após ser retirado com vida dos escombros.
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"Até agora custo a acreditar que saí, que não estou mais debaixo dos escombros", desabafa Duaa al Ghadban, que perdeu o marido e seus três filhos, o mais novo com apenas 40 dias de vida.
Como outros sobreviventes, ela se refugiou no acampamento de Deir Ballut, perto da fronteira com a Turquia. Em meio à tragédia, os habitantes desses acampamentos foram relativamente poupados das consequências do terremoto, pois as barracas de campanha foram mais seguras do que os prédios que desabaram sobre seus ocupantes.
O terremoto que atingiu a região na segunda-feira (6) deixou mais de 21.700 mortos. Deste total, mais de 3.300 foram na Síria.
Duaa al Ghadban morava na localidade de Jindires, na fronteira com a Turquia, onde dezenas de casas desabaram.
"Não temos mais nada. Estamos amontoados com minha irmã e sua família, meu irmão e minha mãe neste quartinho que é de um conhecido nosso", diz ela, enquanto sua irmã tenta acalmá-la.
"Não pedimos água nem comida, apenas um lugar onde possamos nos abrigar", acrescenta.
Ela conta que o marido morreu abraçado ao filho.
"Ele foi enterrado abraçado ao nosso filho, não o abandonou", diz entre soluços.
"O terremoto foi aterrador, mas as pessoas deram graças a Deus por viverem em barracas, depois de ver o que aconteceu ao seu redor", disse Fidaa Mohammad, que mora no campo de Deir Ballut.
Cerca de metade dos quase quatro milhões de pessoas nas regiões controladas pelos rebeldes no norte da Síria são refugiados que foram chegando, à medida que o governo de Bashar al-Assad retomava o controle dessas áreas.
Ghayath Zarzur encontrou abrigo em um quarto, junto com dois primos e suas respectivas famílias.
Sentado no chão, cercado por crianças, tem a cabeça enfaixada e os olhos inchados.
"Somos 30 neste cômodo, sem aquecimento nem cobertores", diz este homem que mal consegue falar.
"A história se repete. Fugimos de Damasco apenas com as roupas que vestíamos. Fomos deslocados tantas vezes", lamenta.
Zarzur se considerou sortudo, quando conseguiu deixar o acampamento no norte da Síria, onde se refugiou há quatro anos, e ir para uma casa em Jindires. Mas sua casa ficou completamente em ruínas após o terremoto.
Aqueles que não encontraram refúgio nos acampamentos se dirigiram para as dezenas de centros de acolhimento abertos pelas autoridades locais. Em uma enorme tenda montada na cidade de Idlib, crianças exaustas dormem, apesar do barulho de outras que brincam ao seu redor.
"Há um número assustador de pessoas que ficaram desabrigadas, ou que temem que sua casa desabe sobre elas, devido a tremores secundários", diz Abdel Kader Taid, que trabalha em um desses centros.
Outros preferiram ficar em seus carros, ou dormir ao relento, apesar do frio intenso.
"Nosso prédio foi danificado, não podemos voltar por medo de tremores secundários", afirma Mohammad Hayyani, de 50 anos, enrolado em um cobertor perto de sua caminhonete.
"Somos três famílias. Alguns dormem no veículo, e outros, na rua", conta.
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