Texas se prepara para realizar nova execução, apesar de suspeita de racismo
O estado do Texas, no sul dos Estados Unidos, deve executar na noite desta quarta-feira (8) um afro-americano condenado à morte por um triplo assassinato após um julgamento que, segundo a defesa, esteve contaminado por racismo.
John Balentine, de 54 anos, receberá uma injeção letal, quase 25 anos depois de ser considerado culpado de atirar contra três adolescentes brancos enquanto eles dormiam na cidade de Amarillo.
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Um deles era, segundo os autos do processo, o irmão de sua ex-namorada, que reprovava sua relação interracial e o teria ameaçado de morte.
John Balentine nunca negou os fatos, mas seu advogado Shawn Nolan sustenta que ele recebeu a pena de morte por preconceito racista durante o seu julgamento.
Em um recurso à Suprema Corte dos Estados Unidos, lembrou que o promotor havia desestimado os jurados negros e também acusou os então defensores de John Balentine de apresentarem "animosidade racial".
"Você sabe como se escreve 'linchamento justificado'?", foi a frase que ficou escrita em um papel que trocaram os advogados de Balentine na época, uma referência aos assassinatos cometidos no sul segregacionista contra a população negra.
Além disso, Nolan, o novo advogado de Balentine, garantiu que o próprio presidente do júri era uma pessoa racista, que considerava os negros perigosos.
Tratava-se de um ex-soldado hostil a afro-americanos, que havia "intimidado" os demais membros do júri para convencê-los a se pronunciar pela pena de morte.
"Sabia que se os demais optassem pela vida, ele teria possibilidade de ser libertado e que eu teria que caçá-lo", admitiu Dory England por escrito em 2021.
Durante as deliberações, "deixei claro que havíamos sido escolhidos para enfrentar este problema e que a pena de morte era a única solução", reconheceu.
Nolan, por sua vez, o acusou de esconder detalhes de sua vida que o impediriam de ser jurado no processo.
O advogado Nolan entregou todos esses documentos à Justiça do Texas em 30 de janeiro, para solicitar a reabertura do expediente.
Mas seu pedido foi rechaçado, e ele foi obrigado a elevar o recurso à Suprema Corte dos Estados Unidos.
Se esta não intervir, John Balentine será o sexto condenado à morte executado este ano nos Estados Unidos.