Biden chega ao Congresso com mensagem de 'união' e planos para os 'esquecidos'
Joe Biden convocará os republicanos nesta terça-feira (7) a "trabalhar juntos" por um país onde a democracia, embora "machucada", permaneça "inabalável", durante o discurso sobre o Estado da União no Congresso, ao qual traz planos econômicos para o trabalhadores "esquecidos", aqueles que "ficaram para trás".
"Lutar por lutar, o poder pelo poder, o conflito pelo conflito, nos leva a lugar nenhum", afirmará o presidente democrata aos "amigos republicanos", a quem convidará para "trabalhar juntos", segundo fragmentos do discurso divulgados pela Casa Branca.
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O presidente democrata, de 80 anos e que pretende disputar a reeleição em 2024, insistirá na proposta de "recuperar a alma da nação", a "espinha dorsal dos Estados Unidos: a classe média, a união do país".
O presidente lembrará que, há dois anos, o país lutava contra a pandemia, mas criou um recorde de 12 milhões de novos empregos e a taxa de desemprego é a mais baixa dos últimos 50 anos.
"Meu plano econômico é investir em lugares e pessoas que foram esquecidos", que "ficaram para trás ou foram tratadas como se fossem invisíveis" em meio à agitação econômica das últimas quatro décadas.
Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, Biden colocou em prática reformas e programas de investimentos colossais.
É "um plano popular para reconstruir os Estados Unidos", dirá o presidente. Biden sabe que milhões de telespectadores acompanham ao vivo o discurso, uma tradição política nos Estados Unidos que, como sempre, é marcada por ovações dos governistas - os democratas - e rostos consternados no campo oposto, neste caso, os republicanos.
Além disso, Biden poderá se vangloriar de liderar a ajuda à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Ele o fará pela segunda vez, diante da embaixadora ucraniana, Oksana Markarova, que, no ano passado, recebeu aplausos de pé dos presentes.
A China, sua prioridade de política internacional como rival estratégico, está lhe dando mais dores de cabeça do que de costume. Pouco antes do discurso, estava previsto que o secretário de Estado viajasse a Pequim, mas a visita foi suspensa depois que Washington detectou um balão chinês sobrevoando o território americano.
A Casa Branca mandou derrubá-lo dias depois, alegando que o objeto estava destinado à espionagem, um episódio que tensionou as relações entre ambas as potências.
No âmbito interno, tampouco faltam problemas para o líder democrata. A violência policial é um dos temas que ele abordará na presença dos pais de Tyre Nichols, um afro-americano morto pela polícia.
A posse de armas será outro assunto sobre o qual ele provavelmente vai falar, na presença de Brandon Tsay, considerado um "herói" por desarmar o autor de um ataque a tiros mortal contra a comunidade asiática na Califórnia.
Entre os convidados da primeira-dama, Jill Biden, para o discurso, destacam-se o cantor Bono, como ativista da luta contra a aids, uma mulher que quase morreu de um aborto espontâneo porque os médicos se negaram a atendê-la por medo de infringir uma lei que restringe a interrupção da gravidez, o pai de uma vítima de overdose de fentanil, um casal de lésbicas e sobreviventes do câncer, um tema doloroso para o próprio presidente, que perdeu um filho para a doença.
Há um ano, quando fez seu primeiro discurso ao Congresso, seu partido controlava a Câmara dos Representantes, mas agora está em minoria. Os republicanos retomaram o controle da Casa nas eleições de meio de mandato, em novembro.
E declararam uma guerra política contra os democratas. Por ora, se negam a elevar o teto da dívida para evitar que a maior economia mundial caia em um "default" catastrófico, e empreenderam um embate parlamentar sobre temas como a crise migratória na fronteira com o México.
Contudo, o novo "speaker" conservador da Câmara, Kevin McCarthy, que se sentará logo atrás de Biden, garantiu que "respeita o lado contrário" e descartou rasgar o discurso em pedaços como fez sua antecessora, a democrata Nancy Pelosi, em 2020, com o ex-presidente republicano Donald Trump.
"O Estado da União é mais frágil e as famílias americanas estão sofrendo por culpa de Joe Biden", afirmou a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel. "Tudo o que vamos ouvir de Biden são desculpas", opinou.
De qualquer forma, o presidente falará sabendo que as pesquisas lhe são desfavoráveis.
Segundo um levantamento do Washington Post/ABC, 62% acreditam que Biden "não fez muito" ou fez "quase nada". Além disso, entre os eleitores democratas, 38% querem outro candidato para 2024.
Mas é pouco provável que Biden se deixe abalar. Ele está acostumado. As previsões apontavam que o Partido Democrata sofreria uma derrota descomunal nas eleições de novembro, o que não aconteceu.
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