Mobilização internacional pela Ucrânia deve ser 'replicada' em outros países, afirma HRW
A intensa mobilização internacional em defesa dos direitos humanos na Ucrânia desde a invasão russa deve ser "replicada" em outros países onde esses direitos são violados, defendeu a ONG Human Rights Watch, que publicou nesta quinta-feira (12) seu relatório anual.
Neste relatório de mais de 700 páginas, a HRW documenta a "litania de abusos" cometidos em 2022 em todo o mundo, da China ao Afeganistão, passando pelo Irã, Etiópia e, é claro, pela Ucrânia.
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"No nevoeiro da guerra e na escuridão em que esta guerra mergulhou a Ucrânia, há uma luz que se acendeu: é a resposta internacional e o compromisso com a justiça internacional", disse Tirana Hassan, diretora-executiva interina, em entrevista à AFP.
Embora a ONG tenha constatado "abusos de todas as partes" no conflito, as forças russas foram responsáveis por "uma infinidade" de violações, principalmente contra a população civil.
Neste contexto, a HRW elogia a rapidez com que o Tribunal Penal Internacional (TPI) foi chamado a investigar e com que a União Europeia, os Estados Unidos, o Reino Unido e outros governos impuseram sanções à Rússia.
"Nunca vimos na história (...) uma resposta internacional tão coordenada" e "o que temos que fazer agora é garantir que os Estados sejam responsabilizados ao mesmo nível que se viu na Ucrânia, em todas as outras situações" de violação dos direitos humanos, acrescentou.
Em seu relatório, a HRW insta os governos a "replicar o melhor da resposta internacional na Ucrânia" e "ampliar a vontade política para enfrentar outras crises".
Hassan pede à comunidade internacional que "continue pressionando" pela responsabilização pelos abusos cometidos na região etíope do Tigré após o acordo de paz alcançado em novembro.
O mesmo acontece na China, onde Pequim ainda não foi responsabilizada por sua política em relação à minoria muçulmana uigur, apesar de um relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos concluir que algumas das ações do governo podem constituir crimes contra a humanidade.
Ou no Irã, onde o governo intensifica sua repressão maciça aos protestos. "Não podemos esperar que o povo iraniano mude por conta própria" a situação dos direitos humanos no país, insistiu Hassan.
"Uma mudança significativa contra um regime tão poderoso requer a mobilização da comunidade internacional", acrescentou.
Em seu relatório, a ONG denuncia os "dois pesos e duas medidas" que costumam ser aplicados às violações dos direitos humanos no mundo.
A HRW cita, por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que renovou os laços com a Arábia Saudita em meio a uma crise energética após prometer transformá-la em um Estado "pária", ou a Europa, que abre os braços para refugiados ucranianos, mas onde muitos países levantam dúvidas sobre o futuro dos refugiados afegãos ou sírios que acolheram.