Uruguai sedia 1º encontro entre governos para salvar oceanos dos plásticos
Mares e oceanos estão se afogando em plásticos. A cada ano, cerca de 11 milhões de toneladas desse material chegam às águas, uma quantidade que pode triplicar até 2040, segundo a ONU, se não forem tomadas medidas.
Por esse motivo, governos de todo mundo se reúnem no Uruguai para erradicar esse problema.
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Esse é apenas um dos desafios do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em inglês) da ONU, que se reuniu pela primeira vez nesta segunda-feira (28), em Punta del Este, para trabalhar em um acordo global que ponha fim à poluição por plásticos.
"Sabemos que o mundo é viciado em plástico. O mundo criou uma crise do plástico", afirmou a secretária-geral adjunta das Nações Unidas e diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, em entrevista coletiva.
"E os plásticos têm efeitos nocivos para a saúde, deixam uma grande pegada... Mas esta não é uma guerra contra o plástico em si, é uma guerra contra o plástico no meio ambiente", explicou.
O INC foi criado após a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ANUE), a mais alta instância internacional nessa matéria, realizada em março passado em Nairóbi, como parte de uma negociação "histórica" para se chegar ao primeiro acordo global contra a poluição por plásticos.
O objetivo do Comitê é produzir um texto juridicamente vinculante até 2024. Sua criação constitui o maior avanço ambiental desde o Acordo de Paris sobre o clima para combater o aquecimento global, firmado em 2015.
Durante cinco dias, o balneário uruguaio receberá representantes de mais de 190 Estados que trabalham juntos na busca de soluções para reduzir os resíduos plásticos despejados no meio ambiente e que ameaçam a biodiversidade do planeta.
Andersen reconheceu que a meta estabelecida em Nairóbi é "ambiciosa, mas viável", e que "é possível chegar a um acordo em um prazo de dois anos".
Para conseguir isso, disse ela, os 193 membros da ONU fazem um "chamado à ação para se levar em conta todo o ciclo de vida dos plásticos": desde as etapas iniciais, nas quais se trabalha com a produção de polímeros; até a final, na qual são gerados resíduos; passando pelas intermediárias, em que entram produtores e marcas.
"Isso quer dizer que devemos trabalhar junto com o setor privado, com a comunidade, com os defensores do meio ambiente, com lideranças políticas, para continuar construindo o caminho a seguir", afirmou.
Os plásticos representam pelo menos 85% do lixo marinho, segundo a ONU.
A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo de plástico é jogado nos oceanos. Se nada for feito a respeito, até 2040, projeta-se que a cada ano, o equivalente a 50 quilos de plástico chegará ao oceano por cada metro de costa em todo o mundo.
Para o ministro uruguaio do Meio Ambiente, Adrián Peña, a luta não é contra o plástico em si, mas contra "a poluição pelo plástico e contra alguns usos, como o hábito de usar e jogar fora".
A chave é "como gerimos o plástico, como reciclamos (...)", acrescentou Peña.