Colômbia e ELN propõem que EUA participem de processo de paz
O governo da Colômbia e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) propuseram, nesta sexta-feira (25), que os Estados Unidos sejam incorporados às negociações de paz retomadas na Venezuela na segunda-feira, depois que as mesmas haviam sido suspensas em 2019 pelo ex-presidente Iván Duque.
"Chegou-se a um acordo para adiantar ações diplomáticas com o governo dos Estados Unidos da América para conhecer sua disposição de participar neste processo mediante um enviado especial à mesa de diálogo", diz uma nota lida pela representante da Noruega, um dos países fiadores do processo de paz na Colômbia.
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No acordo, as partes também "ratificaram Cuba, o reino da Noruega e a Venezuela como países fiadores" e que chegaram a um consenso para "convidar Alemanha, Suécia, Suíça e Espanha para que considerem sua participação neste processo como países acompanhantes".
Além disso, serão convidados a participar das negociações os governos de Brasil e México.
Trata-se do segundo comunicado divulgado depois da retomada dos diálogos de paz na segunda-feira, 21 de novembro, em Caracas.
Além disso, as partes concordaram em antecipar "no curto prazo processos de alívios humanitários" como parte dos pontos estabelecidos em março de 2016.
Na terça-feira, delegados do presidente colombiano, Gustavo Petro, e do ELN concordaram em "retomar com plena vontade política e ética o processo de diálogo", segundo uma declaração conjunta intitulada "A paz é o nosso sonho, e as mudanças, o nosso caminho", lida durante um ato no hotel Humboldt em Caracas.
Durante esse encontro, Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN, tachou de "nefasta" a participação dos Estados Unidos no processo de paz anterior na Colômbia, firmado durante o governo do ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos.
"O papel dos Estados Unidos na América Latina foi nefasto para os processos de paz. O que foi instalado recentemente na Colômbia, em 2016, teve a oposição de várias agências dos Estados Unidos para sua implementação", assinalou.
Não obstante, Beltrán afirmou que, nesta oportunidade, querem que Washington tenha "uma atitude proativa e de apoio".
Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia e um ex-guerrilheiro, retomou contatos com o ELN ao assumir o poder em 7 de agosto, com a meta de retomar as negociações interrompidas em janeiro de 2019 pelo governo de Iván Duque, após um atentado contra uma academia de polícia que deixou 22 mortos, além do agressor.
O ELN é a última guerrilha reconhecida na Colômbia. Fundada em 1964 por sindicalistas e estudantes simpatizantes de Ernesto "Che" Guevara e da Revolução Cubana, manteve negociações que não resultaram em nada com os últimos cinco presidentes do país.
As antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) firmaram um acordo de paz em 2016, transformando-se em um partido político.
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