Protesto contra o governo iraniano durante funeral de menino
Manifestantes gritaram, nesta sexta-feira (18), palavras de ordem contra o governo iraniano durante o funeral de um menino que, segundo a sua família, foi morto pelas forças de segurança, informaram a ONG Iran Human Rights e o site informativo 1500tasvir.
O Irã vive uma onda de protestos desencadeados pela morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curdo-iraniana de 22 anos detida por violar o rígido código de vestimenta que exige que as mulheres usem o véu islâmico em público.
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As autoridades iranianas descrevem os protestos como "distúrbios" e já prenderam mais de 15.000 manifestantes, de acordo com a ONG Iran Human Rights (IHR), que tem sua sede em Oslo, na Noruega.
Nesta sexta-feira, dezenas de pessoas se reuniram na cidade de Izeh, na província do Khuzistão, no sudoeste, para o funeral de Kian Pirfalak, de apenas 9 anos, segundo imagens divulgadas pela agência de notícias iraniana Isna.
Em um vídeo divulgado pelo IHR e pelo site 1500tasvir, uma mulher - supostamente a mãe do menino - acusa as forças de segurança de terem matado o seu filho na quarta-feira.
"Ouçam-me para saber como aconteceu o ataque, porque eles estão mentindo quando dizem que foi um ataque terrorista", diz a mulher.
"Policiais à paisana mataram meu filho. Foi o que aconteceu", acrescenta.
A mídia oficial iraniana atribuiu o ataque, que deixou sete mortos, a "terroristas".
O governador da província do Khuzistão, Sadegh Khalilian, afirmou que "elementos" estrangeiros estariam por trás do ataque, segundo a agência de notícias iraniana Fars, próxima das autoridades.
Outro adolescente, chamado Sepehr Maghsudi, de 14 anos, também morreu no ataque em Izeh, segundo meios de comunicação da oposição no exterior.
"Morte a Khamenei", gritaram os manifestantes durante o funeral, de acordo com outro vídeo postado por 1500tasvir, referindo-se ao líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.
Os funerais de manifestantes mortos na repressão estão degenerando, com frequência, em protestos para denunciar a morte de Mahsa Amini e criticar o governo.
Neste contexto de tensão, um grupo de manifestantes ateou fogo à casa em que nasceu o aiatolá Ruhollah Khomeini, fundador da república islâmica, de acordo com imagens publicadas nesta sexta-feira.
Situada na cidade de Khomein, na província de Markazi, a casa foi incendiada na quinta-feira (17), e uma eufórica multidão de manifestantes passou por ela, segundo imagens publicadas nas redes sociais e verificadas pela AFP.
Acredita-se que Khomeini tenha nascido no início do século XX nessa casa localizada na cidade de Khomein, de onde vem seu sobrenome.
Khomeini foi um ferrenho opositor do xá Mohammad Reza Pahlavi e teve de partir para o exílio na França, de onde voltou, triunfante, em 1979, para liderar a Revolução Islâmica.
O clérigo morreu em 1989, mas continua sendo admirado por seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei. Sua casa foi transformada em um museu memorial. Não está clara a extensão dos danos materiais.
As manifestações no Irã pela morte da jovem Mahsa Amini constituem o maior movimento de rua contra o poder desde a Revolução de 1979.
A exigência de que as mulheres usem um véu para cobrir a cabeça foi uma regra imposta por Khomeini, mas os protestos atuais deram origem a um movimento mais amplo pelo fim da república islâmica.
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