Presidente da Ucrânia diz que reconquista de Kherson é 'início do fim' da guerra

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, visitou nesta segunda-feira (14) a cidade de Kherson, no sul do país, três dias depois da reconquista da localidade e apesar da declaração do Kremlin de que a área pertence à Rússia.

"Esse é o início do fim da guerra", declarou, admitindo que recuperar os territórios ocupados pela Rússia será "um caminho longo e difícil".

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, negou, porém, que a visita do líder ucraniano tenha qualquer impacto sobre o status da região de Kherson, que Moscou anexou à Rússia em uma cerimônia no mês passado.

"Sabem muito bem que é o território da Federação Russa", disse ele.

Em Kherson, Zelensky disse que "o preço desta guerra é alto". "Há pessoas feridas, um grande número de mortos (...) Houve combates ferozes, e o resultado é que hoje estamos na região", acrescentou.

"A Rússia demonstrou ao mundo que pode matar, mas todos nós, nossas Forças Armadas, nossa Guarda Nacional e os serviços de inteligência demonstraram que é impossível matar a Ucrânia", declarou

Com a mão no peito, assim como outros funcionários civis e militares presentes, ele cantou o hino nacional enquanto a bandeira ucraniana era hasteada diante do edifício da administração regional, no centro de Kherson.

"É importante estar aqui (...) para que as pessoas possam sentir que não são apenas palavras e promessas, e sim que realmente voltamos e hasteamos nossa bandeira", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado nas redes sociais.

"Nossos inimigos perecerão, como o orvalho ao sol, e nós também, irmãos, governaremos em nosso país. Por nossa liberdade, daremos nossas almas e nossos corpos", gritaram.

De acordo com as fotos publicadas no Telegram, Zelensky também caminhou pelas ruas da cidade, com trajes militares, cercado por seguranças armados, mas sem capacete ou colete à prova de balas.

Muitas pessoas, algumas com bandeiras ucranianas, esperavam pelo presidente.

"Glória à Ucrânia!", gritaram moradores em um edifício. "Glória aos heróis!", responderam o presidente e os seguranças, como determina a tradição.

As tropas russas abandonaram Kherson na semana passada, após oito meses de ocupação, deixando o caminho livre para que os soldados ucranianos entrassem na cidade na sexta-feira.

O Kremlin, no entanto, insiste que a capital da região de mesmo nome, que teve a anexação anunciada por Moscou em setembro, ainda pertence à Rússia, apesar da saída de suas tropas.

Kherson foi a primeira grande cidade que caiu sob controle russo após a invasão, no fim de fevereiro.

A sua reconquista abre à Ucrânia uma porta de entrada para toda a região, com acesso tanto ao Mar Negro a oeste, como ao Mar de Azov a leste.

A região foi uma das quatro cuja anexação o Kremlin anunciou em setembro.

Putin então prometeu usar todos os meios disponíveis, inclusive nucleares, para defender tais zonas das forças ucranianas.

No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, concordaram nesta segunda-feira em conversas à margem do G20 na Indonésia que armas nucleares nunca devem ser usadas, inclusive na Ucrânia.

"O presidente Biden e o presidente Xi reiteraram seu acordo de que uma guerra nuclear nunca deve ser travada (...) e destacaram sua oposição ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia", disse a Casa Branca.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, advertiu nesta segunda-feira que os "próximos meses serão difíceis" para a Ucrânia e que o objetivo do presidente russo Vladimir Putin é "deixar a Ucrânia no frio e escuro durante o inverno".

Zelensky acusou no domingo as forças russas por "atrocidades" em Kherson e disse que até o momento foram documentados 400 "crimes de guerra", sem especificar se falava apenas desta região.

Em Kherson, vários moradores relataram à AFP os meses de ocupação russa e alguns atos de resistência para mostrar o repúdio à anexação pela Rússia.

Volodymyr Timor, um jovem de 19 anos, passou meses com os amigos analisando os movimentos dos soldados russos nas ruas da cidade e repassando as informações ao exército ucraniano.

"Informávamos tudo: onde estava o equipamento, onde armazenavam a munição, onde dormiam, para onde seguiam para beber algo", disse à AFP o jovem, que queria ser músico antes da guerra.

Na região de Luhansk, o exército ucraniano retomou a localidade de Makiivka, a 50 km da cidade estratégica de Severonetsk, controlada pela Rússia, informou a presidência ucraniana.

No total, 12 localidades da região voltaram ao controle ucraniano, segundo o governador Serguei Gaidai.

O exército russo afirmou nesta segunda-feira que tomou o controle de Pavlivka, uma cidade no leste da Ucrânia, uma vitória para Moscou após semanas de recuos e retiradas.

bur/ant/pc/zm/fp/mr

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Ucrânia conflito Rússia defesa Vladimir Putin Volodymyr Zelensky Dmitri Peskov

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar