Líderes mundiais na COP27 devem escolher entre cooperar contra a mudança climática ou morrer

A humanidade enfrenta o dilema de "cooperar" diante da mudança climática ou "morrer", alertou nesta segunda-feira (7) o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, diante de mais de 100 líderes mundiais reunidos no Egito para a COP27.

A COP27 começa sob pressão para melhorar o financiamento dos países mais vulneráveis, devastados pelos efeitos do aquecimento global, o que significa que chegou o momento de alcançar um "pacto", afirmou Guterres em Sharm el-Sheikh.

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"A humanidade tem uma escolha: cooperar ou morrer. Ou um pacto pela solidariedade climática, ou um pacto pelo suicídio coletivo", afirmou Guterres em seu discurso.

"Observamos uma catástrofe depois da outra. Enquanto nos recuperamos de uma, acontece outra", lamentou o anfitrião do evento e presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi.

"Não podemos aceitar que nossa atenção não esteja voltada para a mudança climática, apesar da guerra na Ucrânia e outros conflitos, porque a mudança climática tem seu próprio calendário", alertou o secretário-geral da ONU.

A reunião anual da ONU sobre o clima será uma nova etapa na disputa habitual entre países industrializados e nações em desenvolvimento, basicamente a respeito do dinheiro que deve ser destinado para a adaptação às mudanças, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e pagar pelas perdas e danos.

"Estados Unidos e China devem responder a este desafio, já que os europeus são os únicos que pagam", declarou o presidente da França, Emmanuel Macron, em um encontro com jovens antes da sessão plenária.

Os grandes países emergentes "têm que abandonar rapidamente" o carvão como fonte de energia, insistiu o chefe de Estado francês.

O presidente da China, Xi Jinping, não comparecerá à COP27, que debaterá todas estas questões até 18 de novembro.

O presidente americano, Joe Biden, participará no evento, por algumas horas, no dia 11 de novembro.

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, também foi convidado e é aguardado em Sharm el Sheikh.

Após uma negociação intensa, os países aceitaram debater no Egito a criação de um fundo específico para mitigar os efeitos das secas, inundações e fenômenos meteorológicos extremos.

A questão não envolve indenizar os países pobres, insistem as nações industrializadas, que são as que historicamente emitiram em larga escala os gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas.

A maioria dos países membros da COP, reunidos no denominado G77, liderado atualmente pelo Paquistão, considera que é necessário falar de compensações, com pagamentos o mais rápido possível.

Mas falar sobre "perdas e danos" em Sharm el-Sheikh não significa que o fundo será criado. Os países ainda têm dois anos para continuar negociando.

A desconfiança impera porque os países industrializados continuam a não cumprir a meta de mobilizar a quantia de 100 bilhões de dólares por ano para ajudar as nações mais pobres a reduzir suas emissões e também para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.

Além da questão financeira, existe a preocupação primordial de reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, em um contexto muito abalado pela crise de abastecimento de energia na Europa, provocada pela invasão russa da Ucrânia, e o renovado boom do gás.

Desde o ano passado, ao menos 30 países reforçaram as metas de redução de emissões, apesar do compromisso comum dos quase 200 membros da COP.

Com todos os indicadores climáticos em situação negativa - emissões recorde em 2021, concentração de CO2 na atmosfera, aumento do nível dos oceanos, recorde de temperatura nos últimos oito anos -, o encontro da cúpula deve representar um delicado exercício de equilíbrio entre a exigência de cortar emissões e o argumento de países em desenvolvimento de que os mais ricos não podem negar o direito a explorar seus hidrocarbonetos agora.

O tempo é cada vez mais curto, pois segundo as previsões mais recentes da ONU o aquecimento pode alcançar +2,4ºC até o ano 2100, ou inclusive +2,8ºC caso persista a trajetória atual.

Os níveis são muito superiores ao limite de +1,5ºC incluído no Acordo de Paris de 2015, que segue em vigor, apesar de o aumento da temperatura já ter alcançado 1,2ºC na comparação com a era pré-industrial.

As medidas de segurança são consideráveis na sede da conferência, um balneário entre o deserto e o Mar Vermelho.

A organização Human Rights Watch afirmou que dezenas de pessoas que convocaram manifestações foram detidas.

avl/jz/mar/fp

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clima meio-ambiente cúpula ONU COP27

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